Maria José Rocha Lima*
Esses dias tive o enorme prazer em conhecer, por intermédio do meu sobrinho Ricardo Oliveira Rocha, dedicado estudante de Letras da Universidade Federal da Bahia, o trabalho que ele vem realizando em equipe, na área de literatura, no Programa de Iniciação Científica -PIBIC -, sob a coordenação da professora Sílvia Maria Guerra Anastácio.
Fiquei maravilhada com o trabalho da Professora Sílvia, PhD em Literatura e PhD em Mídias Digitais pela PUC-SP e Especialista em Terapia de Família. Ela parece açambarcar, já na sua formação, tudo o que os alunos, os professores, os pais, o povo brasileiro mais necessitam.
São projetos e pesquisas valiosíssimos como PRO.SOM; processos de criação e tradução interartes; estudos sobre a intermidialidade; Estudos de Tradução Interlingual e Interartes; Tradução, Processo de Criação e Mídias Sonoras; Produtividade em Pesquisa, Memórias do Rádio e Adaptações para Mídias Sonoras: Um panorama histórico da peça radiofônica e estudo da produção desse gênero na Inglaterra; Representações culturais a partir de estudos do processo criativo de Bishop.
Também realizaram o Terapia de Família vai ao Cinema, que tomava o cinema como o contexto para construção de sentido.
A professora Silvia e a professora Célia Nunes Silva, terapeutas familiares, produziram livro, entrelaçando com maestria e estética conceitos teóricos que permeiam distintas abordagens da terapia familiar e a vida de protagonistas de distintos gêneros literários de filmes exibidos nos cinemas, segundo as próprias autoras.
O trabalho da professora Sílvia é um exemplo a ser imitado, por colocar a Universidade Pública a serviço de amplas parcelas da população, com a tradução e divulgação de obras literárias sob a forma de áudiolivros, uma estratégia inovadora de apresentação da literatura, tornando-a mais acessível e adequada para os nossos dias, contribuindo para a formação de escritores e leitores. Um trabalho muito concreto de produção no Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, numa fecunda parceria envolvendo alunos de Letras e da Escola de Teatro da UFBA.
O seu trabalho de pesquisa enriquece o mercado de mídias sonoras com os audiolivros produzidos a partir da gravação e publicação de obras literárias traduzidas e adaptadas de idiomas estrangeiros para o português, seja como versão branca ou não interpretada (ledor para cegos), ou como versão interpretada por atores; e por ser um projeto de alcance social, considerando que é distribuída uma parcela representativa de cada áudiolivro publicado para os Institutos de Cegos de todo o Brasil.
Será que é sonhar muito alto levar esse trabalho, com os audiolivros, para as nossas pobres escolas públicas pelo Brasil afora? Lembrei-me da atriz Fernanda Montenegro, que começou no trabalho radiofônico, na Rádio MEC. Ela conta que a sua vocação de atriz foi sensibilizada a partir das leituras em voz alta. Penso como seria rica a oferta desses materiais para os nossos professores perdidos pelos cantos mais remotos do país, por falta de material didático que possa fazer frente às novas mídias. E nesse momento da pandemia e pós- pandemia, então? Os professores sofrem com a carência de recursos tecnológicos, com a falta de materiais midiáticos e literários. A grande maioria das escolas públicas brasileiras não dispõe de bibliotecas.
Merecidamente o trabalho coordenado pela professora Silvia Anastácio recebeu o Prêmio Destaque da Iniciação Científica e Tecnológica 2018/2019 do Programa PIBIC. Finalista da 4ª Edição do Prêmio IPL Retratos da Leitura 2019 na Categoria Cadeia Produtiva do Livro. Mereceram destaques as suas Pesquisas sobre Processos de Criação em Diversas Linguagens; Crítica genética; Tradução; Adaptação; Roteirização; Intermidialidade; Acessibilidade; Estudos interartes; Estudos de Narrativas; e Produção de Mídias Sonoras.
No site InterVozes, do Grupo de Pesquisa PRO.SOM, o leitor poderá acessar mais informações. E escutar histórias muito boas traduzidas ou não, sempre curtas, na medida.
https://intervozes.com.br/
Maria José Rocha Lima é mestre e doutoranda em educação. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Psicanalista e dirigente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise- ABEPP. É membro do Clube Internacional das Soroptimistas Sudoeste Brasília.