1.392 leitos fechados ficam em 34 hospitais gerais e emergências que podem atender pacientes de Covid. Enfermarias do Hospital Federal da Lagoa está trancada com cadeado.
A capital fluminense tem 1.392 leitos fechados, em sua maioria por causa da falta de funcionários, enquanto mais de 1 mil pacientes estão na fila de esperapor um leito de Covid no estado.
Conforme mostrou o RJ1, pacientes são acomodados em cadeiras e corredoresno Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Enquanto isso, na mesma unidade, 56 leitos estão fechados porque a equipe não é suficiente.
“Um local que foi projetado para ter cinco pacientes está com 16 pacientes de Covid, seis pacientes intubados e apenas quatro técnicos de enfermagem e um enfermeiro. Um dimensionamento de pessoal muito aquém daquele que é recomendado pelo nosso conselho profissional e que nos expõe, os profissionais, a um exercício que não é seguro nem pra nós, nem pros usuários e principalmente sem qualidade”, afirmou Cristiane Gerardo, servidora do Hospital Federal Cardoso Fontes.
O Censo hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) mostra que a rede pública no Rio tem dois mil leitos ociosos. Sendo que 1.392 leitos fechados ficam em 34 hospitais gerais e emergências que podem atender pacientes de Covid.
Veja onde estão os 1,3 mil leitos fechados
- Rede federal: 954
- Rede estadual: 219
- Rede municipal: 194
Enfermarias trancadas no Hospital da Lagoa
O Hospital Federal da Lagoa, na Zona Sul do Rio, funciona com menos da metade da capacidade. São 125 leitos que estão fechados, principalmente por falta de técnicos e enfermeiros. As enfermarias estão trancadas com cadeado. Até nos leitos que estão funcionando, faltam profissionais.
“Nós ficamos sempre na corda bamba, com o número de funcionários, principalmente de enfermeiros, onde às vezes tem quatro enfermeiros, se um faltar ficam dez pacientes para cada enfermeiro”, contou um funcionário, que preferiu não se identificar.
A Justiça Federal já determinou a reintegração de profissionais nos hospitais federais para o combate a pandemia.
“São leitos que estão dentro da infraestrutura dos hospitais, já com sua estrutura organizada, sem necessidade maior investimento em equipamentos e que ainda assim continuam fechados”, disse Marina Figueira, procuradora federal.
Imagens exibidas pelo RJ1 mostram que os leitos de enfermaria do hospital já são preparados com instalação de oxigênio e ar comprimido. Segundo especialistas, podem ser convertidos em leitos de uti para os pacientes que estão na fila de Covid.
Leitos ociosos no INTO
O Instituto de Traumatologia e Ortopedia (INTO) também está com UTIs e 84 leitos ociosos. Para o presidente da Sociedade Brasileira para Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente, Victor Grabois, com planejamento é possível abrir esses leitos para atender pacientes de Covid.
“Contratar gente capacitada, ter os equipamentos, contratar insumo e fazer funcionar de uma maneira que, não só tenha leito adequado, mas tenha um cuidado de qualidade e seguro, que não cause dano ao paciente. Não foi feito até hoje? É hora de começar, hora de salvar vidas. Estão morrendo quase 4 mil pessoas no Brasil e o Rio de Janeiro é um dos estados com maior mortalidades”, disse Garbois.
O que dizem os citados
A Prefeitura do Rio disse que abriu 363 leitos com a contratação de mais de 3 mil profissionais de saúde. Além disso, informou que essa semana vai abrir mais 20 leitos no Hospital Albert Schweitzer e no Pedro Segundo.
O Ministério da Saúde não respondeu até a publicação desta reportagem.
Por G1/RJ