Presidente saiu da reunião virtual da cúpula do bloco após proferir discurso e foi se encontrar com o presidente do Senado. Reunião atrasou
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deixou a reunião virtual da Cúpula do Mercosul, realizada na manhã desta sexta-feira (26/3), após proferir discurso, tendo ouvido apenas o presidente da Argentina, Alberto Fernández, que sediava o evento.
A ausência foi mencionada pelo chanceler argentino, Felipe Solá, quando cumprimentava os presentes. Solá falou no fim da reunião.
“É uma honra estar acompanhando o meu presidente Alberto Fernandez e outros presidentes, amigos e irmãos do Mercosul — Jair Bolsonaro, do Brasil, que vejo que não está [na reunião], mas ainda quero cumprimentá-lo. [Também quero cumprimentar] o presidente da República do Paraguai, Mario Benítez, o presidente da República Oriental do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e os presidentes — irmãos também — dos países associados [ao bloco].”
Assista ao vídeo do momento:
Os outros três presidentes dos demais países do Mercosul continuaram na reunião do bloco.
A transmissão da reunião atrasou cerca de 30 minutos. O chanceler Ernesto Araújo e o ministro da Economia, Paulo Guedes, estavam ao lado do presidente durante a fala, mas nenhum dos dois ministros brasileiros falou.
A transmissão do governo brasileiro foi encerrada enquanto o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez,
iniciava o discurso. De lá, Bolsonaro deixou o Palácio do Planalto e se dirigiu à residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para uma visita de cortesia. Pacheco havia se reunido, por videoconferência, com governadores para tratar do combate à pandemia.
No encontro do Mercosul, Bolsonaro defendeu a ampliação da rede de negociações comerciais extrarregionais. “Entendemos que a regra do consenso não pode ser transformada em instrumento de veto ou de freio permanente. O princípio da flexibilidade está inscrito no próprio Tratado de Assunção”, discursou o chefe do Executivo brasileiro.
Trinta anos
O evento, que celebrou os 30 anos do lançamento do bloco, estava previsto para ocorrer de modo presencial e marcaria o primeiro encontro entre os presidentes do Brasil e da Argentina, Alberto Fernández. Na abertura da reunião virtual, Fernández lamentou o formato remoto e defendeu o aumento da integração entre os países do bloco.
A Argentina exerce a presidência pró-tempore do bloco, que também tem como integrantes plenos Brasil, Paraguai e Uruguai. A Venezuela está suspensa. Outros sete países sul-americanos são membros associados.
A relação entre Bolsonaro e Fernández é marcada por distanciamento e tensão. O brasileiro fez campanha para o ex-presidente argentino Maurício Macri, derrotado por Fernández em 2019, e cumprimentou o eleito pela vitória. O argentino, por sua vez, já fez diversos gestos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário de Bolsonaro.
Os presidentes brasileiro e argentino se reuniram apenas uma vez, virtualmente, no fim de novembro passado — um ano após a eleição de Fernández. Na ocasião, de acordo com a Casa Rosada, o argentino pediu a Bolsonaro que deixassem as diferenças políticas de lado em prol do fortalecimento do Mercosul. (Metrópoles)