Votação deverá ocorrer no sistema de drive-thru, na manhã de sexta (4). José Aparecido e Ovídio Maia concorrem ao cargo
A Fecomércio-DF convocou seus diretores para as eleições na próxima sexta-feira (5). A entidade deverá escolher um novo presidente para substituir Francisco Maia, que faleceu em decorrência da covid-19 no mês passado.
A votação deverá ocorrer no sistema de drive-thru, no térreo do edifício Newton Rossi, no Setor Comercial Sul. Serão duas convocações: 9h30 a primeira e 10h a segunda. O processo será finalizado às 14h.
Cada diretor deverá estacionar em vaga reservada e permanecer em seu veículo para receber uma cédula de votação. O eleitor vai assinar uma lista de presença, escrever o voto e depositar o papel em uma urna ao lado.
A expectativa é de que 27 diretores participem da votação. Após todos votarem, será feita a apuração e, ao final, o responsável irá anunciar o novo presidente. A posse só ocorrerá no próximo dia 17.
Candidatos
Concorrem ao cargo o presidente do Sindicato das Papelarias, Comércio Varejista de Material de Escritório, Papelaria e Livraria (Sindipel-DF), José Aparecido da Costa Freire, e o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-DF), Ovídio Maia Filho.
Quem vencer, fica também responsável pela gestão do Sesc e do Senac do DF, mas só daqui a 90 dias. Isso porque a Confederação Nacional do Comércio (CNC) fica à frente destes dois órgãos durante os próximos meses para maior estabilidade na transição.
Em contato com o Jornal de Brasília, o primeiro vice-presidente da CNC, Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, afirmou que o órgão não fará nenhum tipo de apoio a um dos candidatos. “A CNC não apoia nenhum candidato, apenas fiscaliza as eleições”, declarou.
Ação com “S” de Sistema
O candidato Ovídio Maia atuou na venda de um imóvel localizado na 712/912 Norte no valor de R$ 74 milhões ao Senac-DF, órgão administrado pela Fecomércio, assim como o Sesc-DF. O imóvel foi comprado às vésperas do Natal passado.
Talvez não fosse um problema se Ovídio somente tivesse indicado o imóvel e ajudado na aquisição. Mas o candidato, mesmo sendo vice-presidente da Fecomércio, instituto corresponsável pela gestão do Senac-DF, recebeu ao final do negócio uma comissão de aproximadamente R$ 1,5 milhão pela intermediação.
Procurado pelo JBr, Ovídio, que é também presidente do Sindicato da Habitação do DF, confirmou ter participado da transação. “Eu assessorei na busca e na colocação do imóvel”. O candidato disse ainda que não faz parte do Conselho do Senac-DF e que a aquisição do imóvel foi aprovada em assembleia.
Juristas consultados pela reportagem consideram, assim, que a atuação do vice-presidente da Fecomércio na compra do imóvel pelo Senac foi ilegal. Em sua defesa, Ovídio Maia invocou a memória do falecido ex-presidente da Fecomércio. Na sua avaliação, a transação não teria sido ilegal por não se imaginar à época que seria necessária a sucessão na federação.
O problema é que, apesar da triste e lamentável passagem de Francisco Maia, Ovídio já era o vice-presidente da Fecomércio, integrante do Conselho do Sesc e, portanto, já estava sob as regras dos estatutos que impedem remunerações vindas de outros braços do mesmo sistema.
R$ 22 milhões em internet
O Sesc-DF assinou, em setembro do ano passado, em meio à pandemia de covid-19, um contrato milionário para instalação de internet nas 11 unidades fixas e nas 10 unidades móveis do órgão. O acordo com firmado em R$ 22 milhões junto à Vernet Comunicação de Dados, e o acesso à internet ocorre no âmbito do programa do GDF WI-Fi Social.
O contrato milionário gerou revolta em comerciantes, uma vez que o comércio não teve a assistência adequada para retornar ao trabalho. Falta, por exemplo, testes de detecção da covid-19 e equipamentos de proteção individual (EPIs). O hospital de campanha prometido pela Fecomércio em abril do ano passado também não saiu do papel.
Uma das vozes indignadas com o investimento foi a de Ivan Nascimento, proprietário da loja Raio de Sol na Asa Sul. “Eu particularmente acho desnecessário, porque você deixar de cuidar de uma pandemia em que estamos à mercê da boa vontade de políticos e eles canalizarem dinheiro em algo que não tem nada a ver agora é algo desnecessário. Isso é política, política suja”, afirma.
O contrato também trouxe indignação à dona de uma ótica na Asa Norte que não quis se identificar. “Isso é ridículo, simplesmente ridículo. Isso é desumano. É bem a proposta do nosso governo federal. Foi um investimento feito totalmente fora da realidade que estamos vivendo hoje no mundo inteiro, é ridículo aceitar contratar um serviço desses”, declara a empresária.
Luana Toledo, gerente da loja Kariocas na Asa Norte, ficou revoltada principalmente com o fato da contratação ocorrer depois de ter sido frustrada a promessa de construção de um hospital de campanha para comerciários e pacientes de baixa renda. “Estamos em um momento de profunda dificuldade, com comércios pequenos fechando por causa disso. Se esse dinheiro fosse investido no hospital de campanha, o comércio não precisaria estar fechado”, comenta.
Do JBr.