Diante da troca na Petrobras, Brandão decidiu que não quer ser o próximo alvo das interferências políticas do presidente
(crédito: Edilson Rodrigues)
O presidente do Banco do Brasil (BB), André Brandão, colocou o cargo à disposição do presidente Jair Bolsonaro. A interlocutores, ele demonstrou estar incomodado com o clima político de Brasília e, sobretudo, com os rumores de que poderia ser o próximo alvo de Bolsonaro.
Brandão decidiu colocar o cargo à disposição depois que Bolsonaro anunciou a troca o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna. A manutenção do executivo no BB já era uma incógnita desde o anúncio do plano de reestruturação do banco, que irritou o Palácio do Planalto e fez Bolsonaro pedir sua demissão no início do ano. E a interferência na Petrobras renovou os rumores de que o Banco do Brasil seria o próximo foco de interferências do presidente da República.
Com larga carreira no mercado financeiro, Brandão julgou que seria melhor se antecipar a qualquer medida desse tipo para evitar mais uma onda de turbulência no Banco do Brasil. Ele também não quer ficar sendo fritado pelo Planalto, pois já demonstrou insatisfação com as amarras políticas que rondam o BB e impedem o andamento de medidas de mercado que julga corretas. Por isso, já comunicou a decisão ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
Apesar da tentativa de criar a imagem de uma saída tranquila, Brandão mexe com os mercados nesta sexta-feira (26/02). As ações do Banco do Brasil caíam mais de 4% nos últimos minutos do pregão diante da decisão do executivo. No BB, o clima também é de estresse, pois os funcionários do banco vinham aprovando a gestão técnica de Brandão. Oficialmente, contudo, nem o BB, nem o governo comentaram o assunto. (CB)