Miguezim de Princesa
I
O povo fez escondido
A festa do carnaval,
A torcida do Flamengo
De farrear passou mal,
Mas agora tudo bem:
Segunda tem lockdown.
II
Feiras e bares lotados,
E eu vi lá no Cruzeiro
A turma no Bar do Peixe
Bebendo no converseiro,
As gotículas pelo ar
De uma boca de chuveiro.
III
Na Feira dos Importados,
Gente de todo lugar
Se imprensando nas barracas,
Que mal dava pra passar,
E um cabra cobrando caro
Por produto similar.
IV
Na Barraca da Galega,
Na Feira do Periquito,
Um gordão avermelhado
E um magro feito um palito
Sopravam um prato de sopa
Para espantar o mosquito.
V
“Fecha tudo, baixa as portas!”,
Dita o decreto avexado.
Porém, de nada adianta,
O povo vai ao mercado
E ainda se apinha
Em ônibus superlotado.
VI
Por mim, fica tudo aberto
E quem quiser se lascar
É só andar sem a máscara,
Beber pinga e aprontar,
Não passar álcool nas mãos,
Beijar boca e furunfar!