Empresário Fernando Soaris levou 40 pontos na perna e no polegar da mão esquerda, além de ferimentos nas costas e nádegas. Ele estava em condomínio, próximo da margem.
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Um homem de 40 anos foi mordido por uma capivara, no Lago Paranoá, em Brasília, e levou 40 pontos na perna e no polegar de uma das mãos. O acidente ocorreu no domingo (21), por volta das 7h40.
O empresário Fernando Soaris conta que se exercitava dentro da água, perto da margem do lago, em um condomínio, quando foi atacado. A área é frequentada por moradores e pessoas que praticam exercícios.
“Estava dentro d’água fazendo exercício e, do nada, ela mordeu minha panturrilha. Não pisei nela nem nada”, diz Soaris.
O empresário explica que a capivara continuou atacando. “Ela quase arrancou meu dedo fora”, explica, ao lembrar que, para se livrar, jogou o animal para trás.
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Fernando disse que tudo ocorreu muito rápido. “Eu faço exercícios todos os dias ali. É onde todo mundo desce com canoa, caiaque, onde as crianças tomam banho. É algo que me surpreendeu. Não imaginava que uma capivara pudesse atacar alguém como ela me atacou”.
O zoólogo Marco de Freitas explica que a capivara é o maior roedor do mundo e que se reproduz muito rápido, gerando até oito filhotes por gestação. “Sem predadores naturais como onças ou sucuris, elas acabam se proliferando ainda mais rapidamente”, aponta.
Ele diz que as capivaras também se adaptam às mudanças provocadas pelo homem, como o desmatamento e plantação de gramíneas.
“Com o advento do desmatamento, as populações crescem muito, de forma desordenada, porque se beneficiam com esse excesso de pastagem, já que é um bicho 100% folíforo” diz ele.
O zoólogo diz ainda que ataques de capivara podem ocorrer por vários motivos. “Se for fêmea, pode ter relação com a proteção de filhotes. Se for macho, existe a possibilidade dele ter se sentido ameaçado”, conta.
Outra possibilidade é de o animal ter tido antes uma experiência traumática com seres humanos ou ainda estar doente. “Pode acontecer – e não é tão raro – a hidrofobia ou a raiva, que é uma doença que ataca mamíferos. Os animais ficam transtornados e em determinada fase da doença ele pode atacar”, explica Marco.
Peregrinação em busca de socoro
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Depois do ataque, o empresário Fernando Soaris foi atendido em um hospital particular do Lago Sul e orientado a tomar vacina antitetânica, antirrábica e soro antirrábico, pra evitar infecções. Ele diz que teve que peregrinar por quatro hospitais da rede pública: Hospital do Guará, de Taguatinga, Instituto Hospital de Base e, por fim, Hospital Regional da Asa Norte, onde conseguiu tomar a vacina antirrábica. Fernando ainda precisa tomar o soro antirrábico, que ainda não conseguiu.
Segundo o síndico do condomínio Life Resort, onde houve o acidente, a população de capivaras na região em aumentado visivelmente. Renato Rincon diz que em 4 de junho do ano passado, ele chegou a enviar ofício para a Secretaria de Meio Ambiente questionando sobre a quantidade de capivaras no gramado da orla do condomínio, principalmente no período da noite.
Segundo Renato, eram grupos de 50 a 100 indivíduos, o que deixou os moradores assustados. “A maior preocupação, no entanto, está relacionada à saúde dos nossos moradores”, destacou no documento, uma vez que a capivara é um dos hospedeiros primários do carrapato-estrela, que pode transmitir a Febre Maculosa, doença que causa febre alta, diarreia, vômito, perda de apetite e aumento do tamanho do baço, entre outros sintomas, e que pode levar a morte.
“Temos crianças, idosos e pets que utilizam a orla do lago. Se esse acidente tivesse ocorrido com alguém desse grupo, poderia ter sido pior”, diz o síndico.
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Procurada, a Secretaria de Meio Ambiente informou que o estudo ainda não foi feito, mas que será realizado em conjunto com Universidade Católica de Brasília e a Universidade de Brasília, conduzido por professores especialistas auxiliados por estudantes bolsistas. “Para sua execução dependemos do retorno das atividades presenciais, inclusive do plano funcionamento dos laboratórios de pesquisa, o que foi prejudicado pela pandemia, como é de notório conhecimento de todos”, diz a pasta.
Ainda segundo a secretaria, a última estimativa é de que na Orla do Lago vivam cerca de 97 animais. . O GDF afirma que não há casos transmissão de febre maculosa confirmados no DF.
A orientação dos órgãos de meio ambiente é para que as pessoas não se aproximem das capivaras, “pois, apesar de ter um comportamento habitualmente pacífico, podem atacar se sentirem ameaçadas, como qualquer animal”.
G1 DF*