Vítima contou que os militares chutaram a porta da residência, entraram sem permissão e o atacaram no setor de chácaras do Lago Norte
Um morador do setor de chácaras do Lago Norte registrou ocorrência alegando que sofreu agressões ao ter a casa invadida por policiais militares. O caso ocorreu na última segunda-feira (15/2). A denúncia foi feita na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), mas segue em investigação na 9ª DP (Lago Norte).
Segundo o relato de Cícero Alessandro de Oliveira, 41 anos, por volta das 17h, ele dormia em casa quando foi surpreendido com a chegada do vizinho. O morador estava acompanhado de uma equipe da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), com dois militares fardados.
Segundo ele, os PMs chutaram a porta da residência, invadiram o local e disseram: “Levanta, f…. Toma aqui, seu folgado”. Além disso, Cícero teria sido agredido fisicamente, com pancadas de cassetete, murros e chutes. Acrescentou que, enquanto era atacado, o vizinho, que chegou no veículo da corporação com os policiais, dizia: “Desce a ripa nesse f…”.
Em um determinado momento, um dos PMs, segundo o depoimento da vítima, colocou a arma de fogo em sua cabeça e disse: “Se você for à delegacia me denunciar, volto aqui e te mato”. Questionado pelos policiais civis, Cícero não soube informar a motivação das agressões.
Câmeras de segurança instaladas no lote da suposta vítima mostram a chegada dos policiais e do vizinho, que veste uma camiseta azul. Os PMs estacionam no lote da vítima e, após alguns minutos, deixam o local, sem conduzir o morador à delegacia.
Confira:
Para Sandro Cavalho, irmão da vítima, o vizinho agiu por vingança, pois Cícero discutiu com ele nos últimos dias. “Jamais imaginamos que daria nisso. A casa dele foi invadida, e ele foi covardemente agredido. Sequer falaram o motivo ou o conduziram para a delegacia. Bateram, ameaçaram e foram embora. O meu irmão foi praticamente rastejando pedir socorro na casa da minha mãe”, denunciou.
Ainda de acordo com Sandro, Cícero trabalha como autônomo. Decidiu sair de casa e ficar com a mãe, pois tem medo de uma possível volta dos militares. “Ontem, ele viu uma viatura e começou a tremer. Pensou que o matariam. Está apavorado”, lamentou.
“Ele ficou muito ferido. Teve o braço quebrado e hematomas pelo corpo. A arma pressionada contra a cabeça dele ocasionou um corte atras da orelha. Fizemos os exames periciais, denunciamos à Polícia Civil e vamos procurar, ainda, a Corregedoria da PM e o Ministério Público para garantir que isso não aconteça mais”, completou o irmão.
Outro lado
Segundo a PM, não houve agressão. A corporação afirmou que o morador estava embriagado. Confira a nota na íntegra:
O autor da denúncia da suposta agressão é acusado de ter invadido uma residência na MI trecho 4 do Lago Norte.
O morador da residência foi até a guarda do 20º Batalhão e relatou que a residência havia sido invadida. Os policiais foram até a casa e não encontraram ninguém. Nas imediações do imóvel, um homem com as mesmas características da denúncia foi encontrado próximo de uma lixeira. Ele aparentava forte estado de embriaguez. De acordo com os policiais, eles conversaram com este homem por dois minutos, mas como as falas estavam desconexas não prolongaram.
A vítima da invasão disse que não poderia ir até a Delegacia naquele momento para registrar a ocorrência, pois tinha que cuidar dos filhos. Ele afirmou que posteriormente faria o registro. Por não ser caso de flagrante de crime, ninguém foi conduzido à delegacia. (Metrópoles)