*Miguel Lucena
Gledilson Tonni Baldez Castro praticou um roubo em São Luiz, capital do Maranhão, no dia 13 de fevereiro de 2018, e, ao ser preso em flagrante, apresentou documento falso como sendo seu irmão, Milton Baldez de Castro, oito anos mais velho, que não pisa em terras maranhenses desde 1997. Na audiência de custódia, o ladrão foi solto, inventou de roubar novamente e foi morto em confronto com a PM, no dia 20 do mesmo mês.
Sábado, uma equipe do Bope (Batalhão de Operações Especiais da PMDF) montou campana na residência de Milton Baldez, em Águas Claras. Quando o Supervisor de vendas entrou na garagem do prédio, os militares entram atrás e o prenderam, cumprindo mandado de prisão expedido pela Justiça de Maranhão contra uma pessoa que, em tese, está morta.
Levado para a 21ª DP, Milton foi recolhido à Carceragem da Polícia Civil, no Parque da Cidade, e corre o risco de ser enviado para a Papuda, mesmo sem nunca ter cometido nenhum crime ou, em tese, estando morto.
Milton é vítima da incompetência e insensibilidade do Estado brasileiro. Existe a identificação criminal exatamente para evitar que uma pessoa se passe por outra em um processo, mas os órgãos da persecução penal do Maranhão nem se preocuparam com isso.
Quando soube, no dia 15 de fevereiro de 2018, que usaram seu nome durante um flagrante, Milton Baldez procurou a 3ª Delegacia, no Cruzeiro Velho, e registrou a Ocorrência nº 600/2018, pedindo que o documento fosse enviado à Secretaria de Segurança do Maranhão para evitar problemas futuros. A comunicação foi feita, mas mesmo assim o processo continuou com o nome dele.
Sem checar os dados devidamente, as polícias Militar e Civil, o Ministério Público e o Judiciário do Maranhão conseguiram levar para a cadeia uma pessoa inocente, três anos depois que o verdadeiro autor do crime morreu em confronto com a própria polícia, com direito a manchetes nos jornais do Maranhão. Significa que, a mando da Justiça do Maranhão, o Bope de Brasília prendeu um defunto, pois consta nos arquivos da Secretaria de Segurança maranhense que o autor do delito encontra-se morto e enterrado.
Milton é um homem trabalhador e honesto. Não pode ficar mais nenhum dia preso. Urge que o Judiciário do Maranhão aprecie, com toda a urgência que o caso requer, o requerimento apresentado pelo advogado Felipe da Silva Cunha Alexandre para soltura imediata do inocente e a extinção do processo.