“Apenas tinha que dizer ‘obrigado, muito obrigado'”, disse, o presidente da Venezuela, em português.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou hoje que o seu país vai passar a enviar oxigênio de forma permanente para Manaus, no âmbito do combate à covid-19, acusando Jair Bolsonaro de ser “mesquinho”.
“Estamos fazendo uns acordos para enviar oxigênio permanentemente para Manaus. Um gesto de amor. A resposta que deu Bolsonaro [ao envio de oxigênio para o Brasil] foi mesquinha, de ódio”, disse o chefe de Estado venezuelano.
Nicolás Maduro falava, em castelhano, durante uma entrevista ao portal brasileiro Opera Mundi, transmitida pelo canal estatal Venezuela de Televisão (VTV), em que sublinhou que o Presidente Jair Bolsonaro, apenas tinha que agradecer o gesto.
“Apenas tinha que dizer ‘obrigado, muito obrigado'”, disse, em português.
Maduro apelou para que se abandone “a luta ideológica entre o Trump de Brasil, Jair Bolsonaro, e nós, a esquerda”.
“No momento de salvar vidas há que pôr de lado a ideologia, e centrar-se no ser humano, em salvar a vida do ser humano”.
“O Brasil deve saber que é nossa obrigação a solidariedade com a Amazônia. Somos povos irmãos e o nosso desejo é fortalecer o encontro fraterno e a cooperação mútua, que a fronteira entre o Brasil e a Venezuela seja para a paz e a solidariedade”, disse.
Maduro explicou que o oxigênio foi enviado recentemente para o Brasil por iniciativa de trabalhadores venezuelanos, destacando que a Venezuela conta com “uma estrutura construída pela revolução bolivariana, que suportou, nos últimos dois anos, as agressões da extinta administração [norte-americana] de [Donald] Trump”.
Por outro lado, afirmou acreditar que Jair Bolsonaro recusaria um encontro com ele porque “tem medo”.
“Tem medo, não iria querer me olhar nos olhos, a sério”, disse o Presidente venezuelano, insistindo que se algum dia acontecesse o “milagre” de um encontro, lhe “estenderia” os braços, defendendo que ambos “devem se entender”.
“Enquanto ele for o Presidente do Brasil e eu da Venezuela, temos que ter a capacidade de Estado, porque somos chefes de Estado, de nos ouvir, falar e cooperar”, frisou.
Maduro sublinhou ainda que “se Jair Bolsonaro tivesse agarrado o telefone e ligado” para dizer que necessitava de oxigênio “teria procurado atempadamente e não teria havido essa emergência”.
“Muitas coisas teríamos resolvido com uma chamada telefônica”, frisou.
No dia 17 de janeiro, Nicolás Maduro anunciou que a Venezuela estava enviando “um apoio humanitário ao povo de Manaus, o oxigênio necessário para combater a covid-19”.
A ajuda, 14.000 botijas individuais de oxigênio, equivalentes a 136.000, para ajudar no colapso hospitalar de Manaus, a segunda maior cidade da Amazônia brasileira, chegou a 20 de janeiro por via terrestre.
O Amazonas atravessa uma grave crise de saúde, cuja falta de camas de hospital, oxigênio e outros equipamentos obrigou a transferência de dezenas de pacientes para outros Estados. Essa escassez de oxigênio causou a morte por asfixia a dezenas de cidadãos, principalmente em Manaus.
O Brasil é um dos países mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 222 mil óbitos, em mais de 9,1 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.