Caso foi detectado em uma paciente de 45 anos, de Salvador. Segundo instituto que identificou reinfecção pela variante, na segunda contaminação ela teve sintomas mais severos.
Uma pesquisa do Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa (IDOR) e do Hospital São Rafael, em Salvador, detectou um caso de reinfecção do novo coronavírus no Brasil com uma mutação equivalente à que foi encontrada na África do Sul e tem maior capacidade de infectar. O caso foi confirmado pelo governo da Bahia.
A pesquisa informa que este é o primeiro caso de reinfecção por essa mutação no Brasil. O G1 entrou em contato com o Ministério da Saúde, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
A pasta não havia informado anteriormente sobre casos de reinfecção no país com a variante que circula na África do Sul. O primeiro caso de reinfecção do novo coronavírus no Brasil foi confirmado pelo governo federal em 9 de dezembro.
A paciente é uma mulher de 45 anos, moradora de Salvador e sem registro de comorbidades. Ela está sendo acompanhada pelos pesquisadores. O primeiro episódio da Covid-19 na mulher ocorreu em 20 de maio de 2020, e o segundo em 26 de outubro. Segundo o IDOR, na reinfecção ela teve sintomas mais severos.
Os dois diagnósticos foram confirmados a partir de testes RT-PCR, que são considerados referência porque detectam a infecção a partir de material coletado pela garganta e pelo nariz do paciente e identificam se há contaminação no momento do exame.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
Quatro semanas após a segunda confirmação, a paciente passou por um teste de IGg, que é um exame sorológico que comprova se há a presença de anticorpos, gerados após a contaminação.
Mutação
A mutação encontrada na África do Sul que infectou a paciente da Bahia é a E484K. A descoberta da pesquisa do IDOR foi publicada em versão “preprint”, que é uma pré-publicação, e aguarda revisão da revista científica The Lancet Infectious Diseases, uma das mais prestigiadas do mundo.
O pesquisador do IDOR e doutor Bruno Solano explica que esse caso de reinfecção foi confirmado por sequenciamento genético do vírus.
“Trata-se do primeiro caso de reinfecção por SARS-CoV-2 no estado da Bahia, confirmado por sequenciamento. Foi observada na sequência genética do vírus presente no segundo episódio a mutação E484K, que é uma mutação identificada originalmente na África do Sul”, disse o pesquisador Bruno Solano.
Essa mutação faz parte de um grupo de variantes da Covid-19 que foram associadas ao aumento da infecciosidade. Segundo Solano, essa mutação causa preocupação porque pode dificultar a ação de anticorpos do coronavírus.
“Tem causado muita preocupação no meio médico, pois ela pode dificultar a ação de anticorpos contra o vírus. Esta mutação foi recentemente identificada no Rio de Janeiro, mas é a primeira vez, em todo o mundo, em que é associada a uma reinfecção por SARS-CoV-2”, explicou.
Por G1 BA