Carleandro Moura ficou detido por dois dias após a ocorrência policial e está impedido pela Justiça de se aproximar de Jennifer Souza
Menos de 24 horas após um homem ter sido agredido por bombeiro do DF por defender uma mulher de assédio no Metrô-DF, outro caso vem à tona. Funcionária de uma panificadora de Águas Claras, Jenniffer Bianca Cândido Souza denunciou o supervisor responsável pela mesma acusação.
Carleandro Ferreira Moura, de 35 anos, chegou a ser preso, mas conseguiu a liberdade pela Justiça na última sexta-feira (18/12). O caso ainda é investigado pela 21ª Delegacia de Polícia.
Jenniffer trabalha na unidade da Pão Dourado do Vitrine Shopping e relatou que, por inúmeras vezes, sofreu investidas, tanto moral quanto de cunho sexual pelo então superior direto. A rede de padarias afastou imediatamente o trabalhador até que a apuração seja encerrada (veja nota abaixo).
À Polícia Civil, a vítima relatou que, no início, percebia piadas e discursos com conotações sexistas e machistas, mas que o assédio foi intensificado com o tempo, sem nenhum tipo de constrangimento por parte do então gerente.
“Tem um mês que ele era gerente no Vitrine Shopping, em Águas Claras, a loja estava passando por dificuldades e, por isso, colocaram uma nova chefia para tomar conta do negócio. O primeiro sinal foi quando ele disse que não aceitaria ordens de mulheres, que não abaixaria a cabeça para uma chefia do sexo feminino. Ela conseguiu reerguer a loja e ele teve que obedecer. O problema é que ela só ficava presencialmente na padaria pela manhã e eu ficava a tarde, quando os abusos ocorriam”, disse ao Metrópoles.
Segundo Jennifer, no começo, o gerente proibia o consumo de pequenos produtos, deixando os funcionários sem alimentação. “Ele chegou a nos cobrar por três ovos que usamos num dia de muito trabalho. Depois, na sala onde fica o forno, que é relativamente pequeno, ele começava a encostar o corpo no meu, com a desculpa de falta de espaço”, contou.
Investidas constantes
Além de Jennifer, outra mulher teria sido vítima das investidas de Carleandro, mas que não levou o caso adiante. Por isso, o nome dela será preservado pela reportagem. “Ele costumava dizer para a minha amiga: ‘você parece com a minha mulher’ e ela se sentia muito incomodada. Ele também nos ameaçava e dizia que, caso alguma de nós falasse algo, nos demitiria”.
Após alguns desentendimentos na unidade, na última terça-feira (15/12), o acusado teria investido de forma mais agressiva contra a vítima. “Ele começou a se esfregar em mim. E eu dizia: ‘Carleandro, não encosta em mim, por favor. Quer passar, pede licença, mas não encosta em mim’. Até que depois ele se esfregou de novo em mim. Quando ele fez isso, liguei para a polícia imediatamente. Os clientes viram como estávamos assustadas”, lembrou.
Carleandro foi preso em flagrante no mesmo dia, mas ganhou a liberdade provisória na última sexta-feira (18/12) por decisão do juiz Guilherme Marra Toledo, da Vara Criminal de Águas Claras. A soltura se deu sob algumas condições, como a proibição de se ausentar do Distrito Federal e entorno por mais de 30 (trinta) dias, proibição de mudança de endereço e telefone sem comunicação à Justiça e o impedimento de se aproximar de Jennifer Bianca Cândido Souza a menos de 200 metros e de manter qualquer tipo de contato com ela.
“Fica o autuado advertido de que o descumprimento das medidas acima poderá acarretar a decretação de sua prisão preventiva, com base no 1 do art. 312 do Código de Processo Penal”, reforçou o magistrado.
O que dizem os citados?
A reportagem tenta contato com o acusado para ouvir a outra versão sobre o caso. O espaço está garantido quando houver manifestação de Carleandro Moura.
Também acionada, a Rede Pão Dourado informou, por meio de nota, que “tem a honra e orgulho de ter em seus quadros gerenciais, operacionais e de liderança, a maioria mulheres. Portanto gostaríamos de emitir essa nota de repúdio com relação ao caso que ocorreu em uma de nossas unidades contra uma de nossas colaboradoras”.
De acordo com o grupo empresarial, “assim que o departamento de recursos humanos tomou consciência do fato, prontamente afastou o colaborador acusado e entrou em contato com a vítima para prestar o devido apoio psicológico e qualquer assistência que venha a ser necessária para devida investigação do caso”.
A panificadora também informa que disponibilizou uma linha de apoio para denúncias internas, por meio do departamento de RH e pelo e-mail colaboradorpaodourado@gmail.com, “para que qualquer integrante do quadro da rede que possa ter passado por esse tipo de situação se sinta à vontade para fazer a denúncia, anônima ou não, para que possamos apurá-la, prestar apoio moral e psicológico e tomar as devidas providências”, finalizou.
As informações do Metrópoles