*Arnaldo Niskier, da Academia Brasileira de Letras
O Conselho de Cultura da Associação Comercial do Rio de Janeiro, presidido pela historiadora Vera Tostes, tem uma atividade intensa, sobretudo com a realização de conferências e debates sobre assuntos da sua alçada. Convidou-nos para falar sobre a liderança nacional do nosso Estado, em matéria de cultura, oportunidade para elogiar as ações desenvolvidas pelo Museu Histórico, o Museu Nacional e a Biblioteca Nacional, além da proeminência do Teatro Municipal, que conhecemos na intimidade desde os tempos em que exercemos a titularidade da Secretaria de Estado de Educação e Cultura, no período de 79 a 83.
Por um dispositivo constitucional, o orçamento do Estado reserva o percentual de 25% (no mínimo) para financiar as ações da Educação. No caso do governador Chagas Freitas, com a sua vasta compreensão dos deveres de homem público, ele determinou que esse percentual fosse elevado para 33%. Resultado: pudemos socorrer a cultura (só para obras e salários da Escola de Teatro Martins Pena foram transferidos 30 milhões de reais). E foi possível construir e entregar ao povo fluminense nada menos de 88 escolas públicas, num esforço inédito.
Quando se decidiu, a nosso ver de forma equivocada, separar Educação da Cultura, no mandato seguinte, esse tipo de socorro tornou-se impraticável, com evidente prejuízo para a cultura.
Na palestra referida, Sérgio Costa e Silva perguntou a nossa opinião sobre o futuro da Educação à Distância. A resposta foi evidentemente favorável. Já temos quase 2 milhões de estudantes nessa modalidade, em todo o país, o que evidentemente é um feito. Depois, Luís Bragança, Maria Luíza Nobre e Douglas Fasolato, além de Maria Eugênia Stein, enriqueceram o debate com indagações pertinentes sobre o uso do rádio e da televisão para objetivos educacionais, entre os quais o famoso Projeto Minerva. Houve a recordação da repercussão do projeto Patati-Patatá no Japão (educação pré-escolar), a queixa contra o fechamento de museus e a preocupação com o futuro(“nada será como antes”).
Temos enormes desafios pela frente, entre os quais a necessária atenção aos aos 200 anos da nossa Independência, que devem ser comemorados condignamente. “A Associação Comercial prepara uma agenda positiva, como não poderia deixar de ser” – afirmou no encerramento a presidente Vera Tostes. É o que se espera das pessoas que cuidam, hoje, da cultura no Rio de Janeiro.