O crescimento da frota de veículos do DF é uma preocupação constante quando o assunto é qualidade do ar. Em geral, para que a atmosfera local seja considerada boa, é preciso que a concentração de partículas esteja entre 0 e 60 microgramas por m³. Na Rodoviária do Plano Piloto, por exemplo, o índice ficou em 51,15, em 25 de novembro, data da última medição da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do DF (Semarh). No ano passado, o resultado foi uma concentração de 141,71 microgramas/m³, em 11 de setembro.
Já no Centro de Taguatinga, a situação é mais grave, uma vez que a aferição encontrou 67,21 microgramas/m³. Ainda assim, o resultado é inferior ao do ano passado, quando o monitoramento constatou concentração de 151,83. Como há poucas indústrias no DF, a maior parte do resultado é decorrente da emissão de poluentes por ônibus e carros.
Ardência nos olhos e dificuldade para respirar são os sintomas que a estudante Gislaine Nascimento, 18 anos, sente em decorrência da fumaça na Rodoviária do Plano Piloto. Todos os dias, pela manhã e no fim da tarde, a moradora de Lago Azul (GO) passa pelo terminal. “É pior à tarde porque tem o calor, mas já de manhã é muita fumaça que a gente inala aqui. Na época da seca, então, nem se fala”, conta.
A concentração de partículas suspensas no ar é um desafio a ser vencido principalmente na Fercal, onde há fábricas de cimento. O pó que sai das indústrias tinge de branco a paisagem e incomoda o soldador Cezar Correia, 26 anos. Há uma semana na cidade, em visita ao sogro, ele conta que tosse e vias respiratórias secas são sensações constantes. “Mal cheguei aqui e já comecei a passar mal. Não consigo nem sequer dormir à noite”, diz. Ele e a esposa, a doceira Aline dos Santos Correia, 23, têm que se revezar para cuidar do filho, que sofre de sinusite. “Ele passa mal porque é muito pequeno ainda. Até compramos um xarope para ver se ajuda”, explica a mulher. “Estamos estranhando a região, pois viemos de Camaçari (BA), e lá o ar é bem úmido”, diz.