Mesmo após decreto, vários comércios descumpriram a medida e estenderam o funcionamento para além do horário determinado
Na primeira noite de vigência do novo decreto do Governo do Distrito Federal, o qual determinou o fechamento de bares e restaurantes no DF às 23h, com o objetivo de evitar uma segunda onda de infecção por Covid-19, vários comércios descumpriram a medida e estenderam o funcionamento para além do horário determinado.
Sobre os estabelecimentos que desrespeitaram o decreto, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou, nesta quarta-feira (2/12), que o GDF será “um pouco mais duro com eles”, caso o descumprimento se mantenha. A declaração foi feita na saída da inauguração do Complexo Integrado de Reciclagem (CIR-DF), na Cidade Estrutural.
“O que a gente tem notado, através da fiscalização do DF Legal, é que a maior desobediência ao uso de máscara e distanciamento social é nas baladas. E as baladas geralmente começam a partir das 23h. Então, foi exatamente por isso que nós escolhemos o horário. As famílias que quiserem procurar os restaurantes não vão procurar após às 23h. Então, eu estou tranquilo. A medida foi tomada de forma consciente”, comentou.
“Até que entre em vigor, estamos fazendo uma portaria conjunta. Vamos juntar a Polícia Militar também nessa fiscalização e vamos ser um pouco mais duros com eles”, enfatizou o governador.
Apesar disso, Ibaneis afirmou que ainda não prevê novas medidas de restrição e espera que a própria população se conscientize em relação aos cuidados necessários na pandemia. “Vamos avaliar daqui para frente, ver se a população entende esse nosso chamamento para responsabilidade com uso de máscara, distanciamento. Se tudo correr bem, nós não temos necessidade de restringir mais nada”, concluiu.
Decreto
Após a publicação do decreto, o setor de bares e restaurantes prevê uma queda imediata de movimento e, consequentemente, alerta para possíveis prejuízos financeiros ao mercado. Para representantes da categoria, há vários outros problemas a serem corrigidos antes de interferir na iniciativa privada.
Conforme defende o presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Silva, a classe está sendo responsabilizada por uma possível segunda onda da doença. “Não podemos ser ‘boi de piranha’ neste possível aumento da propagação do coronavírus na cidade”, argumenta.
Segundo ele, a posição do sindicato foi enérgica, em uma reunião realizada durante a tarde com a Secretaria de Saúde. “Deixamos bem claro que somos completamente contrários à edição deste decreto e solicitamos que o mesmo fosse imediatamente cancelado, porque não condiz com a realidade do DF”, afirma.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CDL-DF), José Carlos Magalhães, também participou da reunião. Segundo ele, há outros problemas maiores a serem enfrentados no momento. “Na segunda (30/11), por exemplo, foi feriado, mas muitas coisas funcionaram. Mesmo assim, reduziram o número de ônibus, que acabaram ficando lotados. Não há distanciamento que resista a isso”, comenta.
Para José, não pode ser punida toda uma categoria por erros individuais. “Precisa ser algo individual, não coletivo. É um setor que já vem sofrendo muito desde o início da pandemia”, explica.
De acordo com ele, o impacto no movimento de clientes será imediato. “Casais que gostavam de sair às 20h30 para ir a um restaurante, vão deixar de ir. Imagine: fazem o pedido, tomam um vinho, comem o jantar e ficam conversando. Se tiverem que sair às 23hrs de lá, vão preferir se encontrar em casa”, exemplifica.
*Metrópoles