A Organização Mundial do Comércio (OMC) constatou, em seu 24º Relatório de Monitoramento do Comércio, que os efeitos provocados pela pandemia do novo coronavírus nas economias do G20 afetaram a quantidade medidas restritivas e facilitadoras sobre o fluxo do comércio mundial.
De acordo com a entidade, entre maio e outubro de 2020, a cobertura comercial das medidas restritivas “regulares” – isto é, que não diziam respeito à pandemia – caiu para US$ 36,8 bilhões, contra US$ 735,9 bilhões em igual período do ano passado, enquanto as medidas de facilitação cobriram apenas US$ 42,9 bilhões, abaixo dos US$ 417,5 bilhões há um ano.
“Isso aconteceu em função do declínio acentuado nos fluxos globais de comércio, do desvio da atenção dos governos para a resposta à pandemia e por conta da relativa estagnação nas principais tensões comerciais bilaterais”, disse a OMC, que também informou uma queda de 21% na exportação de mercadorias no segundo trimestre de 2020, na comparação com o mesmo semestre do ano passado. Na mesma comparação, as exportações de serviços comerciais caíram 30%.
Ao passo em que as medidas regulares diminuíram, a OMC relatou um grande fluxo de políticas de exportação adotadas por conta do novo coronavírus. As medidas de facilitação comercial relacionadas à covid-19 implementadas pelo G20 desde janeiro cobriram um valor estimado em US$ 155 bilhões pela entidade, enquanto as restritivas – a maioria sobre controle de exportação – cobriram atividade comercial no valor de US$ 111 bilhões. Das 133 medidas tomadas no âmbito da pandemia pelos países do G20, 63% foram de natureza facilitadora e 37% foram restritivas ao comércio.
Ao comentar o relatório, o diretor-geral adjunto da OMC, Yonov Frederick Agah, afirmou que a pandemia ocasionou uma queda “quase sem precedentes” na produção econômica e no comércio. “O comércio terá um papel fundamental para possibilitar uma forte recuperação econômica, por isso é encorajador ver o compromisso geral dos países do G20 em manter o fluxo comercial”, avaliou Agah, que completou relatando que as restrições ao comércio adotadas desde 2009 pelos países do G20 têm pesado sobre 8% das importações globais.