Maria José Rocha Lima*
Na Assembleia Legislativa da Bahia, homenageei Nelson Mandela, grande líder do nosso século e que, certamente, será lembrado pelos séculos e mais. Foi uma homenagem muito singela, oferecendo-lhe o título de Libertador da Humanidade. Pensem na sua humildade indo à Bahia recebê-lo!
Nunca me saiu da cabeça a poderosa afirmação de Mandela de que “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
Emblemática desse apreço pelas virtudes como o amor, o respeito ao próximo, é a sua célebre frase: “Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável”.
Formidável mesmo é que suas afirmações correspondiam às suas práticas. Ele é o perfeito exemplo do homem de inteligência rara e coração privilegiado, que por isso deverá ser lembrado como um Libertador da Humanidade.
Convencida do papel de Mandela na luta pela democracia, pela igualdade e pela sua compreensão de que “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, foi mais uma das razões das que me convenceram a homenageá-lo e consegui vê-lo agraciado, com o apoio dos nobres pares, na ALBA.
Mandela era possuído por um alto grau de moralidade e dedicação ao país, um forte sentimento do que era certo ou errado no nível pessoal ou no nível público, nacional ou internacional. Ele nos mostrou que o exercício do poder tem de ser comedido e para o benefício das pessoas como um todo.
O grande líder sul-africano Nelson Mandela, Prêmio Nobel da Paz em 1994 e líder mundial na luta pela promoção da igualdade, é um mestre que se iguala, e em alguns casos supera, aos grandes mestres da humanidade no exemplo de sacrifício e amor ao próximo, tendo suportado 27 anos de prisão sem ódio no coração.
Ele é um exemplo de tolerância, de respeito ao ser humano, de humildade, e de possuir uma capacidade de resiliência aos traumas e sofrimentos da vida inigualável. Tudo isto sem ter perdido, em nenhum momento, a serenidade e a esperança. Lideranças como ele nos inspiram como modelos e os seus exemplos nos ajudam a perceber quais devem ser os nossos objetivos.
Inspirados na experiência e na luta de Nelson Mandela, instituímos a Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da História da África e das relações étnico-raciais, de cujas discussões participei e lançamos, com a professora Selma Pantoja, o primeiro livro sobre a Lei, intitulado Rompendo Silêncios – História da África nos Currículos da Educação Básica,em 2004.
Este ano completam-se 17 anos de instituição desta lei. Também participamos do Grupo Pronegro, que iniciou o trabalho para instituição das cotas para negros nas universidades. Quando Secretária Adjunta da Educação Profissional e Tecnológica do MEC, demos inicio à instalação das cotas nos CEFETs e Institutos Federais de Educação Profissional e Tecnológica.
Tudo isto acreditando que se “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
E vamos sonhar como Mandela e realizar ações para a construção de um mundo igual, em que todos vivam como irmãos.
*Maria José Rocha Lima é mestre e doutoranda em efucação. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação. Psicanalista e dirigente da Associação de Estudos e Pesquisas em Psicanálise.