A vacina contra a Covid-19 terá um efeito significativo durante o verão de 2021, nomeadamente levando a uma “redução drástica dos casos” de infeção. Mas só no inverno do próximo ano é que a vida deverá voltar ao normal — àquilo que era antes da pandemia. As previsões são de Uğur Şahin, o cientista turco que criou a BioNTech que, no início de novembro, anunciou ao mundo, juntamente com a farmacêutica Pfizer, que a sua vacina candidata era mais de 90% eficaz na prevenção da Covid-19.
Estou muito confiante que a transmissão entre as pessoas será reduzida por uma vacina eficaz — não em 90%, mas talvez em 50% — mas não nos devemos esquecer que mesmo isso pode resultar numa redução drástica da propagação da pandemia“, disse, em entrevista à BBC.
O cientista Uğur Şahin adiantou que, se tudo correr como o previsto, a vacina deverá começar a ser distribuída no “final deste ano, início do próximo”. A meta, explica, é entregar mais de 300 milhões de doses em todo o mundo até abril de 2021 — que darão para 150 milhões de pessoas já que a vacina deverá ser administrada em duas doses.
Esta distribuição até abril de 2021 “poderia permitir começar a causar impacto” no mundo, acredita o cientista. No entanto, o impacto só começará a ser realmente sentido mais tarde.
O verão vai ajudar-nos porque a taxa de infeção vai cair no verão e o que é absolutamente essencial é que tenhamos uma alta taxa de vacinação até ou antes do outono/inverno do próximo ano”, afirmou.
Uğur Şahin adiantou também que os “principais efeitos secundários” da vacina detetados até agora foram uma dor leve a moderada no local da injeção por alguns dias, embora alguns voluntários tenham tido febre leve a moderada durante um período semelhante. “Não detetámos quaisquer outros efeitos secundários graves que resultariam na pausa ou interrupção do estudo”, acrescentou.
A União Europeia já comprou 200 milhões de doses (que dão para 100 milhões de pessoas) e essa reserva servirá também Portugal. A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirmou que esta vacina “é uma das que o país prevê adquirir”.