Dois aeroportos no estado de Amhara, na Etiópia, vizinho à província de Tigré, onde tropas federais estão lutando contra as forças locais há 11 dias, foram alvos de foguetes na noite de sexta-feira (13), informou o governo.
O aeroporto de Gondar foi atingido e parcialmente danificado, mas um segundo míssil disparado simultaneamente errou o alvo e pousou fora do aeroporto de Bahir Dar.
Segundo o partido governante em Tigré, a Frente de Libertação dos Povos do Tigré (TPLF), os ataques tinham como alvo instalações militares, e foram uma retaliação a ofensivas aéreas conduzidas pelo Exército do premiê Abiy Ahmed em várias partes do estado.
“Enquanto os ataques ao povo de Tigré não pararem, os ataques se intensificarão”, afirmou Getachew Reda, porta-voz da TPLF.
Vencedor do Nobel da Paz em 2019, Abiy iniciou a operação militar sob a justificativa de que os líderes políticos da região desafiavam sua autoridade e teriam atacado um posto de defesa do governo central para roubar armas e outros equipamentos bélicos.
Autorizado pelo premiê, o Exército etíope recebeu “a missão de salvar o país e a região”. Depois de onze dias, entretanto, a ação deixou centenas de mortos e milhares de refugiados e levou a Etiópia, o segundo país mais populoso do continente africano, à beira de uma guerra civil.
O governo afirma que suas operações militares têm como objetivo restaurar o estado de direito em Tigré, região montanhosa de 5 milhões de habitantes. Segundo Abiy, aviões de guerra do governo bombardearam alvos militares na província, incluindo depósitos de armas.
Após os ataques desta sexta, um funcionário da Ethiopian Airlines que não quis ser identificado disse que os voos para os aeroportos de Gondar e Bahir Dar foram cancelados após os ataques.
As Nações Unidas, a União Africana e outros temem que a luta possa se espalhar para outras partes da Etiópia e desestabilizar a região do Chifre da África.
Segundo a agência de direitos humanos da ONU, ao menos 14,5 mil etíopes da região de Tigré fugiram para o Sudão desde o início do mês. Entre os refugiados estão milhares de crianças “exaustas e com medo”.
O ritmo das novas chegadas sobrecarrega a capacidade de assistência do país vizinho, que precisou aprovar às pressas a instalação de um campo de refugiados com capacidade para 20 mil pessoas.
Além da tentativa de escapar do conflito, os etíopes que fugiram alegam que as condições gerais na região estão cada vez mais difíceis, com falta de energia e de alimentos, além de comunicações cortadas.