Maria José Rocha Lima*
Em 1549, o desembargador português Pero Borges desembarcou na Bahia, acompanhando o primeiro Governador Geral Tomé de Souza, para ser o primeiro ouvidor – geral, um equivalente de ministro da justiça, nos dias de hoje. Só que Pero Borges era condenado por corrupção em Portugal e estava envolvido num vultoso desvio de recursos para a construção de um aqueduto no sul de Portugal, segundo o escritor Eduardo Bueno.
O escritor Eduardo Bueno conta nos seus livros que A Coroa, a Cruz e a Espada e Brasil: uma história que Pero Borges, quando era corregedor da Justiça, em Alvas, Portugal, foi encarregado de supervisionar a construção de um aqueduto e recebeu propina de um empreiteiro. E por isto foi condenado a nunca mais ocupar um cargo público, em Portugal. “Isso se deu em 1546 e, em janeiro de 1548, o português foi escolhido primeiro ministro da Justiça do Brasil”. Tudo começou pela Justiça! Segundo e escritor, “a obra parou pela metade, quando se levantou um clamor popular para saber por que o aqueduto não havia sido concluído. Houve uma comissão de inquérito, praticamente uma CPI, e se chegou ao empreiteiro. O empreiteiro informou que deu a metade do dinheiro para ele. Pero Borges foi julgado e condenado”.
Você já viu esse filme, em algum país do nosso continente?
Eduardo Bueno conta mais: além de Pero Borges, “o primeiro provedor-mor da Fazenda, Antonio Cardoso de Barros, que construiu, com o dinheiro público, os primeiros engenhos de açúcar do Recôncavo Baiano. Seria um ministro da Fazenda, hoje, que constrói um patrimônio particular com dinheiro público, e, ainda por cima, é usineiro”.
E não parou por ai, o terceiro caso é o segundo governador-geral do Brasil, Duarte da Costa. Para o escritor, “ele é o cara do nepotismo e das relações sinuosas no poder”.
E para fechar com chave de ouro, o sucessor, de Duarte da Costa, terceiro governador – geral Mem de Sá. É o cara que inaugura no Brasil a era do “roubo, mas faço”. Ele foi muito eficiente como governador, pois ficou 17 anos no cargo e unificou o País. Combateu os franceses e uma revolta indígena – com crueldade absoluta – no Recôncavo Baiano. Só que era ladrão.
Para Eduardo Bueno, a divulgação da História ajuda o Brasil a criar consciência de cidadania, tomara. Deus vos ouça!
*Maria José Rocha Lima é mestre e doutoranda em educação. Foi deputada de 1991 a 1999. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira