Os analistas do mercado financeiro elevaram pela décima semana seguida sua estimativa de inflação para este ano e também estimaram tombo menor do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.
As expectativas fazem parte do boletim de mercado, conhecido como relatório “Focus”, divulgado nesta terça-feira (19) pelo Banco Central (BC). Os dados foram levantados na semana passada em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
Segundo o relatório, os analistas dos bancos subiram a estimativa de inflação deste ano de 2,47% para 2,65%.
Em setembro, a inflação oficial do país avançou 0,64% e foi puxada pela alta nos preços de alimentos e da gasolina. Foi a maior alta para um mês de setembro desde 2003 – quando atingiu 0,78% – e a maior taxa do ano.
Apesar da alta, a expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020.
Pela regra vigente, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
Para 2021, o mercado financeiro manteve em 3,02% sua previsão de inflação. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
Produto Interno Bruto
No caso do comportamento do PIB, a previsão dos economistas para a retração da economia passou de 5,03% para 5% neste ano.
Para 2021, o mercado baixou de 3,50% para 3,47% a estimativa de expansão da atividade econômica.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
A expectativa para o nível de atividade foi feita em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão. Nos últimos meses, porém, indicadores têm mostrado uma retomada da economia brasileira.
- Em setembro, o governo brasileiro manteve a expectativa de queda de 4,7% para o PIB de 2020.
- O Banco Mundial prevê uma queda de 5,4% no PIB brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um tombo de 5,8% em 2020.
- Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos.
- Após recuar 2,5% nos primeiros três meses deste ano (número revisado), o PIB apresentou um tombo de 9,7% no segundo trimestre deste ano – contra os três meses anteriores. Foi a maior queda desde que o IBGE iniciou os cálculos do PIB trimestral, em 1996.
Taxa básica de juros
Após a manutenção da taxa básica de juros em 2% ao ano em setembro, o mercado segue prevendo estabilidade na Selic neste patamar até o fim deste ano.
Para o fim de 2021, a expectativa do mercado ficou estável em 2,50% ao ano. Isso quer dizer que os analistas seguem estimando alta dos juros no ano que vem.
Outras estimativas
- Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2020 subiu de R$ 5,30 para R$ 5,35. Para o fechamento de 2021, ficou estável em R$ 5,10 por dólar.
- Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção em 2020 subiu de US$ 57,49 bilhões para US$ 57,56 bilhões de resultado positivo. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado permaneceu em US$ 55 bilhões de superávit.
- Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, em 2020, continuou em US$ 50 bilhões. Para 2021, a estimativa permaneceu estável em US$ 65 bilhões.