Em meio ao Outubro Rosa, mês símbolo da campanha de prevenção ao câncer de mama em todo o país, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência em atendimento no Plano Piloto, está sem mamógrafo. O único equipamento da unidade com capacidade para atendimento, específico para o exame, está quebrado desde 2017.
Se estivesse em operação, o mamógrafo poderia realizar ao menos 36 exames por dia, segundo avaliação de profissionais da rede pública de Saúde do DF. O equipamento em questão foi instalado em 2015 e teria sido adquirido com garantia de apenas um ano, e sem contrato de manutenção.
Ao Metrópoles, servidores do Hran disseram que há um segundo equipamento para mamografias na unidade de saúde. Porém, este aparelho é muito antigo e está obsoleto, quebrado, sem chance de recuperação. Existe, inclusive, um processo de retirada da ferramenta da unidade, mas, por conta da burocracia, ainda não foi concluído.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Farid Buitrago Sáchez, problemas nos aparelhos de mamografia da rede pública local são frequentes. “Todo e qualquer aparelho sem funcionar, faz falta. No caso do câncer de mama, o diagnóstico precoce é ponto-chave para a cura, principalmente para as pacientes assintomáticas”, alertou Farid.
Na avaliação do presidente do CRM-DF, a campanha do Outubro Rosa e o trabalho da rede pública são fundamentais. E são as únicas opções de acesso ao tratamento para famílias carentes e vulneráveis socialmente.
Covid-19
Durante a pandemia do novo coronavírus, 62% das mulheres adiaram os cuidados contra o câncer de mama em todo o país. A demanda represada é motivo de preocupação para o Ministério da Saúde. Quando a vacina para a Covid-19 for, de fato, encontrada, a tendência é que haja uma corrida do público feminino interessado em fazer exames de mama, e a rede tende a ficar sobrecarregada.
Outubro pálido
Para a presidente do presidente do Sindicato dos Funcionários em Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues, a assistência aos pacientes é uma obrigação do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Não podemos concordar que, em plena campanha nacional de enfrentamento e combate ao câncer de mama, exista um mamógrafo quebrado na rede pública. E pior, quebrado desde 2017. É revoltante”, disparou Rodrigues.
“O outubro não está cor de rosa. Está pálido”, lamentou a representante dos servidores. Na avaliação da sindicalista, o SUS precisa de investimentos e manutenção para gerar resultados concretos e não teóricos para a população.
Apuração
O Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico) pretende apurar o caso do mamógrafo do Hran. Segundo o presidente do órgão, Gutemberg Fialho, a fila da mamografia é uma da mais importantes do DF.
“Isso mostra a falta de compromisso com o SUS. O DF enfrenta uma demanda histórica por mamografias e o aparelho está quebrado desde 2017. O diagnóstico precoce garante 100% de cura”, pontuou.
Outro lado
De acordo com a direção do Hran, o conserto do mamógrafo já foi solicitado. “O equipamento entrará em funcionamento nos próximos dias”, prometeu, em nota enviada ao Metrópoles.
Pelas contas da Secretaria de Saúde, equipamento atenderá a uma demanda de 900 exames mensais. Atualmente, a pasta possui 11 mamógrafos, espalhados pelo Distrito Federal.
Atualmente, pacientes que precisam fazer o exame são orientados a procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de casa. Na sequência, os pacientes serão incluídos na Central de Regulação para fazer o procedimento, quando chegarem a sua vez na fila.
*As informações são do Metrópoles