O governador Ibaneis Rocha (MDB) comentou, nesta terça-feira (6), as tratativas para aquisição de vacinas contra a Covid-19 em fase de testes no país. O governador defendeu que o Ministério da Saúde compre o material e distribua às unidades da federação. Mas disse que, caso o entendimento do governo federal seja diferente, os moradores da capital também terão acesso à vacina.
“Entendo que essa compra de vacinas deve ser feita pelo governo federal, para que não tenha discriminação […] Se essa não for a vontade do Ministério da Saúde, e cada estado tiver que comprar sua vacina, nós vamos também ter acesso e não nos faltarão recursos para isso”, disse.
As declarações foram feitas em cerimônia de entrega da escritura pública da Catedral Militar Rainha da Paz, no Eixo Monumental (veja mais abaixo).
Segundo o governador, a compra das vacinas por meio do governo federal seria ideal garantir que a imunização seja realizada primeiro nos grupos de risco, como acontece com as demais campanhas. Ibaneis também disse que as tratativas com as empresas responsáveis pela pesquisas estão sob responsabilidade do secretário de Saúde, Osnei Okumoto.
Testes na capital
A capital federal faz parte dos centros de testagem de duas vacinas contra a Covid-19 no Brasil. Uma delas foi desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech e está sendo aplicada em profissionais de saúde desde o dia 5 de agosto.
Segundo o responsável pelos testes no hospital universitário da Universidade de Brasília (UnB), professor Gustavo Romero, a fórmula vem apresentando “resultados promissores”.
A outra vacina foi criada por uma empresa da Bélgica que pretende testar as doses em 800 voluntários de Brasília, de diferentes perfis, a partir do mês de outubro. Os interessados em participar dos testes devem se inscrever pelo site.
Igreja Legal
Durante a cerimônia, o governador também comentou o programa Igreja Legal, lançado em agosto do ano passado para promover regularização de terrenos de templos religiosos.
A Catedral Militar Rainha da Paz, por exemplo, foi inaugurada em 1991 mas, até hoje, o terreno onde ela fica pertencia à Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap). A cerimônia desta terça formalizou a doação do espaço ao governo federal.
Segundo o governo local, desde o início do programa, já foram entregues 100 escrituras públicas a igrejas. “Modificamos boa parte da legislação que existia e que impedia essa regularização. Agora a gente tem a graça de entregar, como você viu aqui, a escritura de uma igreja que está aqui há 29 anos e que não tinha sua documentação”, disse Ibaneis.
Museu da Bíblia
No evento, Ibaneis falou ainda sobre a construção do polêmico Museu da Bíblia. Quando o projeto foi anunciado, no ano passado, os idealizadores afirmaram que utilizariam um projeto de Oscar Niemeyer para a edificação do monumento.
Alguns dias depois, no entanto, a Fundação Oscar Niemeyer divulgou uma nota dizendo que não reconhece a autoria da obra, e que “tem os direitos sobre todos os desenhos”.
Já o Instituto Oscar Niemeyer – responsável pela proposta – disse em entrevista que fez pequenas adaptações ao projeto original de Niemeyer. O escritório é gerido por um bisneto do arquiteto, Paulo Sérgio Niemeyer.
Nesta terça, Ibaneis afirmou que, por conta da polêmica, não será mais utilizado o projeto atribuído ao arquiteto famoso e que, ainda nesta semana, será lançado o concurso para escolha da nova proposta. Já as obras devem começar em 2021.
“No início, teve aquele imbróglio por conta daquele rascunho que existia de uma obra de Niemeyer. Chegou-se à conclusão que o melhor caminho é fazer um concurso”, disse.
Na semana passada, a Justiça do DF negou um pedido de suspensão das obras movido pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea). O grupo alegava que a construção “constitui afronta à liberdade religiosa e à laicidade do Estado”.
No entanto, para o juiz Paulo Carmona, “não há notícia de que a obra impugnada possa ser iniciada em um futuro próximo, pois não houve a licitação para escolher o projeto arquitetônico e, muito menos, para contratar a construtora, existindo, apenas, estudos iniciais internos que irão delimitar a contratação do projeto arquitetônico”.