Nesta quinta-feira (27/8), o Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou tratativas com a Embaixada da Rússia com o intuito de trazer a vacina contra a Covid-19 criada pelo país para o DF. A capital federal não é a primeira a cogitar a opção: o Paraná já assinou, inclusive, um memorando de entendimento, primeiro passo oficial para fechar o negócio.
Porém, pouco se sabe sobre a imunização. Batizada de Sputinik V, a vacina russa foi recebida com reservas pela comunidade científica internacional: sua aprovação aconteceu em tempo recorde e as pesquisas científicas sobre os resultados obtidos não foram publicadas em periódicos.
O registro do medicamento ter sido feito antes da conclusão da fase 3 também levantou desconfianças. Nessa etapa de desenvolvimento de vacinas, a eficácia do imunizante é avaliada em um grande número de voluntários.
Os pesquisadores responsáveis pela vacina russa garantem que ela funciona, é segura, e possibilitará imunidade à doença por, no mínimo, dois anos. A explicação para a rapidez com a qual criaram o método seria o conhecimento adquirido no desenvolvimento de vacinas contra o Ebola e a Mers (causada por um parente do Sars-Cov-2).
Em entrevista coletiva no dia 20/8, Denis Logunov, vice-presidente do Instituto Gamaleya, de Moscou, responsável pelo desenvolvimento da vacina, afirmou que, apesar de o registro já ter sido aprovado, a Rússia vai fazer a terceira fase do estudo clínico com 40 mil voluntários no país. Pelo cronograma, os testes vão seguir enquanto a população estiver sendo vacinada.
Anvisa
O acordo com o governo do Paraná prevê que a Rússia envie mais informações sobre as duas primeiras fases de testes. Depois de analisá-las, a unidade federativa deve, então, entrar com um pedido na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e na Comissão Nacional de Ética e Pesquisa para fazer a terceira fase do estudo clínico e avaliar se a vacina, de fato, funciona.
Em nota, a Anvisa afirma que teve, nesta quinta (27/8), uma reunião com membros do governo do Paraná para tratar sobre o processo de registro da vacina russa. “Segundo a Tecpar, em cerca de 20 dias, os primeiros documentos serão protocolados na Anvisa, que já está mobilizada para o acompanhamento da solicitação”, afirma o órgão.
Segundo a assessoria de imprensa, a Anvisa também se reuniu, nessa quarta (26/8), com o secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Carlo Gorinchteyn, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu, e o assessor especial do governo Antonio Imbassahy, para tratar dos testes e do registro da vacina chinesa CoronaVac.