Flexibilização das medidas de restrição
Todas as 5 atividades investigadas pelo IBGE registraram alta na passagem de maio para junho, com destaque para serviços prestados para famílias (14,2%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (6,9%) e de serviços de informação e comunicação (3,3%).
Entre os 166 serviços investigados pela pesquisa, o segmento de restaurantes foi um dos que mais influenciaram o resultado de junho, segundo o IBGE. Os serviços de alojamento e alimentação registraram avanço de 17,3%.
“Com as medidas de isolamento, muitos restaurantes estavam fechados, ainda que alguns estivessem funcionando por delivery. Com a flexibilização, ou seja, com o aumento do fluxo de pessoas nas cidades brasileiras, eles começaram a abrir e a receita do segmento voltou a crescer, impactando o volume de serviços de junho”, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Variação do volume de serviços em junho, por atividade e subgrupos
O setor de transportes teve a segunda alta seguida, acumulando avanço de 11,9% em dois meses, mas ainda insuficiente para eliminar a perda acumulada de 25,2% entre março e abril.
“Esse resultado positivo vem do transporte rodoviário de carga, que já está atendendo a uma maior demanda do setor industrial ou dos centros de distribuição dos supermercados nos diversos estados”, disse o pesquisador, citando ainda a contribuição do transporte de passageiros diante da flexibilização das medidas de isolamento social em diversas cidades.
Outro avanço expressivo em junho foi verificada nos serviços de transportes aéreos (58,9%), a segunda alta seguida. No ano, porém, a perda acumulada está em 35,2%.
No segmento de serviços de informação e comunicação, a atividade mais impactada pela pandemia foram os serviços relacionados ao audiovisual, com queda de 18,1% no acumulado no ano, ao passo que os serviços de tecnologia da informação tiveram alta de 6,4% no 1º semestre.
Serviços mostram recuperação mais lenta
Depois do forte tombo em março e abril, em meio às medidas de isolamento social para contenção da pandemia de Covid-19, a economia tem mostrado sinais de recuperação, mas a reação tem se mostrado mais rápida nas vendas no varejo e na produção industrial, enquanto o setor de serviços dá sinais de uma recuperação mais lenta.
“Os serviços foram afetados de maneira mais intensa por conta da característica do atendimento presencial, interrompido na pandemia”, explicou Lobo, destacando que houve uma adaptação do comércio para vendas online e que os supermercados foram mantidos abertos, “roubando” clientes de bares e restaurantes.
“É difícil a gente imaginar uma recuperação rápida dada o quanto o setor precisa avançar para retomar ao patamar pré-pandemia”, completou. Segundo o pesquisador, o setor ainda precisa crescer 17% para retomar o patamar pré-pandemia de fevereiro.
Na véspera, o IBGE mostrou que as vendas do comércio cresceram 8% em junho, na comparação com maio, retomando o patamar pré-pandemia. Ainda assim, o varejo brasileiro acumula queda de 3,1% no ano e fechou o 2º trimestre com retração recorde de 7,8%, na comparação com os 3 meses anteriores.
Já a produção industrial cresceu 8,9% em junho, na comparação com maio. Foi a segunda alta seguida do setor, mas ainda insuficiente para eliminar a perda de 26,6% acumulada nos meses de março e abril, quando o setor atingiu o nível mais baixo já registrado no país. No 2º trimestre, a indústria teve queda de 17,5%, na comparação com os 3 primeiros meses do ano.
Segundo economistas, o desempenho do setor de serviços e do emprego é o que deve determinar o ritmo de recuperação da economia brasileira no pós-pandemia.
A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostra que a expectativa do mercado é de retração de 5,62% para a economia brasileira em 2020. O governo estima que o PIB vai contrair 4,7% este ano.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos. Nos três primeiros meses de 2020, foi registrada uma retração de 1,5% na economia brasileira. O IBGE divulgará os dados sobre o segundo trimestre em 1º de setembro.
Serviços têm alta em 20 estados e no DF
Segundo o IBGE, 21 das 27 unidades da federação tiveram expansão no volume de serviços em junho, frente a maio.
São Paulo (5,1%) teve o crescimento mais importante, após cair 19,5% entre fevereiro e maio. Outras contribuições positivas relevantes vieram do Rio de Janeiro (3,6%), de Minas Gerais (4,7%), do Rio Grande do Sul (6,6%) e do Distrito Federal (6,6%). Em contrapartida, Mato Grosso (-3,2%), Paraná (-1,0%) e Espírito Santo (-3,2%) registraram as principais quedas.
Índice de atividades turísticas cresce 19,8% em junho
Em junho, o índice das atividades turísticas cresceu 19,8% na comparação com maio. Com o resultado, passou a acumular ganho de 28,1% em dois meses após um tombo de 68,1% entre março e abril.
Já na comparação com junho do ano passado, o índice recuou 58,6%, registrando a quarta retração seguida. No acumulado no 1º semestre, teve queda de 34,6% frente a igual período do ano passado.