Após as explosões no porto de Beirute e uma onda de protestos no país, o primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, renunciou ao cargo nessa segunda-feira (10/8). Diab fez o anúncio em rede nacional de televisão. No discurso de saída, ele afirmou que o acidente foi resultado de uma corrupção endêmica no governo.
Diab estava no comando do país há quase sete meses. Desde domingo (9/8), quatro integrantes do gabinete já haviam renunciado, após a tragédia de 4 de agosto que matou pelo menos 160 pessoas e desencadeou protestos populares.
No discurso, Diab atacou opositores, classificando-os como corruptos e responsabilizou a classe política tradicional pelos fracassos. Ele se mostrou indignado com o uso político da tragédia dizendo que os opositores deveriam estar unidos no trabalho de socorrer as pessoas, dar a elas um lar e ainda respeitar os pais, os filhos e irmãos daqueles que morreram. “Hoje, estou anunciando a renúncia deste governo”, disse ele.
As explosões de 4 de agosto no porto de Beirute mataram 160 pessoas, feriram milhares e desabrigaram centenas de milhares. A tragédia foi causada por 2.750 toneladas de materiais explosivos deixados por seis anos no principal porto do país, apesar dos repetidos avisos de segurança. A população foi para as ruas protestar contra a prevaricação governamental.
Os protestos eclodiram na semana passada exigindo uma mudança de regime e a renúncia do primeiro-ministro. Para muitos libaneses, a explosão foi a gota d’água em uma crise prolongada, que envolve o colapso da economia, a corrupção endêmica e governos disfuncionais.
Os manifestantes também acusaram a elite política de desviar recursos do Estado em benefício próprio. Eles querem a antecipação das eleições, pois atualmente o Parlamento é controlado por forças tradicionais. “Todos significam todos”, proclamaram nos últimos dois dias os manifestantes.
No Parlamento, vários líderes e partidos que representam os grupos sectários do país compartilham o poder. Os cargos são distribuídos por cotas entre 18 denominações religiosas. O primeiro-ministro deve ser sempre um muçulmano sunita, o presidente é um cristão maronita e o presidente do Parlamento, um xiita.