Reportagem publicada na “BBCnews” relata o risco de tragédia semelhante à de Beirute, Líbano, ter ocorrido em Recife, capital de Pernambuco.
Era madrugada do domingo, 12 de maio de 1985, Dia das Mães, quando o navio-petroleiro “Jatobá” pegou fogo no Porto do Recife, em pleno centro da cidade.
A embarcação carregava 1,5 mil toneladas de gás. Atracadas ao lado, duas embarcações, também com gás. As chamas ameaçavam os 153 metros cúbicos de produtos inflamáveis, armazenados próximos, em grande depósito de todas as empresas de combustível de Pernambuco.
A propósito desse episódio, o amigo senador Joel Holanda me relatou, que perto do navio incendiado estavam milhões de litros de gasolina estocados nos enormes tanques pertencentes a “Esso” e a “Texaco”.
Se a explosão ocorresse destruiria o Centro Histórico do Recife, expressivo patrimônio barroco do país, atingindo os bairros de Santo Antônio, Recife, Boa Vista, Brasília Teimosa e Pina.
O então governador de Pernambuco, Roberto Magalhães, foi acordado na madrugada para deixar o Palácio, situado a mil metros em linha reta do cais. Acionados, os bombeiros dispunham de duas viaturas pequenas, sem água suficiente para combater o incêndio.
O comandante do navio avisou que a explosão era inevitável e o Centro histórico começou a ser evacuado.
A essa altura chega ao local, o prático da barra Nelcy da Silva Campos, que estava de folga, mas veio ao local por vontade própria. Os práticos guiam as embarcações trabalha, na chegada saída dos portos. O único meio para evitar um desastre era levar o navio petroleiro para alto-mar.
Depois de afastar outros petroleiros que estavam à frente do “Jatobá”, Nelcy prendeu um rebocador à frente do navio sinistrado e o conduziu, em chamas, até o mar, numa distância de seis quilômetros da costa.
O incêndio no “Jatobá” ainda durou 15 horas, em alto mar.
O governador Roberto Magalhães deu o prazo de 30 dias para as empresas distribuidoras de combustíveis removerem o parque de tancagem para o porto de SUAPE. Com a ajuda do então senador Marco Maciel, que atuou junto à Petrobras e ao Conselho Nacional de Petróleo, essa transferência foi realizada.
O prático Nelcy da Silva Campos foi reconhecido como herói local e ganhou a maior comenda do governo do Estado.
Os danos causados pela recente explosão em Beirute, no Líbano, que felizmente não aconteceu no Recife em 1985, deve ser motivo para correção de uma grave injustiça.
Em, 2004, a Câmara Municipal deu o nome de Nelcy ao terminal marítimo de passageiros do Porto do Recife.
Posteriormente, após reformas das instalações, a denominação foi retirada.
Está na hora de Nelcy da Silva Campos ser definitivamente reconhecido como herói brasileiro, por ter evitado catástrofe idêntica à do Líbano, que o mundo hoje lamenta.
Para que isso ocorra, tudo começa pela reposição da homenagem de aposição do seu nome, no Terminal de Passageiros do porto do Recife.
Nada mais do que um ato de Justiça póstuma!