Com as novas especificações para a gasolina vendida no Brasil, os postos do Distrito Federal estimam que deve haver um aumento de 8% a 10% no valor do combustível nas distribuidoras. As normas, que passam a valer nesta segunda-feira (3/8), fixam padrões de qualidade para a gasolina comum e premium.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre as especificações que entram em vigor está a massa específica, que deve ser de 715 kg/m³ — ou seja, cada litro da gasolina deve pesar, pelo menos, 715 gramas. Antes, não havia mínimo fixado.
Segundo o analisa Alessandro Borges de Sousa Oliveira, pesquisador de engenharia automotiva da Universidade de Brasília (UnB), esse valor mínimo resultará em uma gasolina com melhor desempenho para o veículo.
“Isso serve para você não ter produtos que evaporam, que são voláteis. Assim, o motor vai ter um melhor rendimento e haverá menos consumo do combustível”, explica.
Publicada em janeiro deste ano, a resolução deu prazo até 3 de agosto para os produtores de combustíveis se adequarem às regras. No entanto, segundo a ANP, “será dado prazo adicional de 60 dias para as distribuidoras e de 90 dias para os revendedores se adequarem, permitindo o escoamento de possíveis produtos comercializados até ontem (2/8) ainda sem atender integralmente às novas características.”
Aumento do preço
Segundo Paulo Tavares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), os postos de gasolina da capital ainda não foram informados pelas distribuidoras sobre o aumento no preço do combustível com as novas especificações.
No entanto, o mercado está certo de que haverá aumento no valor do litro vendido aos postos do DF.
“Mas não sabemos exatamente quanto que deve mudar, porque os postos dependem das distribuidoras, que ainda têm até 60 dias para começar a vender essa nova gasolina”, diz.
Menos poluente
Apesar de ainda não ser possível saber em quanto o brasiliense deve pagar a mais pelo combustível, o pesquisador da UnB Alessandro Oliveira avalia que o menor consumo “pode compensar o valor pago pelo consumidor”.
“O combustível deve ser comercializado um pouco mais caro, porque há mais qualidade. Mas o carro vai fazer mais quilômetros por litro, o que pode compensar esses centavos a mais”, assinala.
Ainda de acordo com ele, por ter menor consumo, a nova gasolina também gera menos poluição ambiental. “Essa ação da ANP é feita para melhorar a qualidade e o rendimento, o que gera também menos emissão atmosférica. A maioria dos motores que estão saindo no mercado irá se beneficiar com essa mudança”, conclui.
Especificações
Além da definição de que cada litro da nova gasolina deve pesar, no mínimo, 715 gramas, a ANP fixou limites para a octanagem, presente nas especificações do combustível em outros países.
A fixação desse parâmetro é necessária, segundo a agência, devido às novas tecnologias de motores e resultará em uma gasolina com melhor desempenho para o veículo.
A iniciativa é resultado da realização de estudos e pesquisas dos padrões de qualidade, considerando o acompanhamento das especificações e harmonizações internacionais, bem como de debates com os agentes econômicos do mercado de combustíveis. A mudança tem como objetivo, ainda, o controle de emissões veiculares e do programa de mobilidade e logística.