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Na tentativa de fortalecer o caixa e controlar o avanço da pandemia do novo coronavírus, desde março, três estados brasileiros entraram com pedido de empréstimo ao Banco Mundial. São Paulo, Ceará e Pará demandaram, juntos, um valor equivalente a mais de R$ 1,5 bilhão.
As informações, obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) pela agência Fiquem Sabendo e analisadas pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, mostram que as principais justificativas dos projetos enviados à União, que precisa aprovar o mérito, é a melhora no sistema de saúde no combate à Covid-19.
Apesar dos pedidos e do avanço da doença no Brasil, tanto São Paulo quanto Pará arquivaram a demanda. Segundo o Ministério da Economia, apenas o Ceará manteve o processo, que está em fase de apresentação para apreciação pela Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex).
O governo de São Paulo, epicentro da doença no Brasil, por exemplo, queria 100 milhões de dólares (R$ 500 milhões) para instalação e custeio de pelo menos 500 novos leitos de UTI. Com o mesmo valor, o estado do Pará objetivava qualificar os leitos clínicos e fortalecer a vigilância. O Ceará não ficou atrás. Pediu 76,8 milhões de euros, mais de R$ 468,20 milhões, para dotar a “Rede de Assistência de Saúde de recursos humanos e materiais para o enfrentamento qualificado e seguro da Covid-19”, segundo documento.
Procurados pelo Metrópoles, os governos desses estados não se manifestaram até o fechamento da reportagem.
Covid-19 nos três estados
De acordo com o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, São Paulo e Ceará estão no topo dos estados com o maior número acumulado de casos da Covid-19. Pará é o quarto no ranking em todo o país.
Em relação ao óbitos, o estado nordestino contabiliza 76 mortes a cada 100 mil habitantes, o recorde entre as 27 unidades da Federação. São Paulo, no entanto, tem maior número de óbitos em valor absoluto, chegando a 17.907.
Pandemia e Banco Mundial
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, anunciou em março que a instituição implementará programas de apoio emergencial aos países em desenvolvimento diante da pandemia de coronavírus e liberará 160 bilhões de dólares nos próximos 15 meses para ajudar os países a se recuperarem.
Segundo relatório do órgão, o Brasil deverá ter retração de 5% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano por conta da crise mundial em decorrência da pandemia do novo coronavírus. A razão, de acordo com a publicação, seria o perfil dos países da América Latina, dependentes da exportação de commodities. Países que compram esses produtos passarão a pedir em menor quantidade.
Gastos do governo federal
O decreto que estabeleceu o estado de calamidade pública em decorrência da pandemia do coronavírus permite que o governo aumente o gasto público e descumpra a meta fiscal prevista para 2020.
Desde a aprovação do decreto no Congresso Nacional, dados da Secretaria do Tesouro Nacional mostram que a previsão é de que sejam gastos R$ 506,1 bilhões durante a pandemia. Até essa terça-feira (14/7), foram gastos R$ 216,6 bilhões (42,7%) dos recursos previstos.
*Com informações do Metrópoles