Imagem: Reprodução
Há 53 anos morria Che Guevara, o “poster boy” da revolução. Era uma máquina de matar ou um jovem sonhador? Das montanhas de Cuba aos Andes bolivianos, aquela imagem do rosto mais conhecido da Cuba comunista – Ernesto “Che” Guevara – reivindicava um lugar especial nas casas e nos peitos de estudantes e candidatos a revolucionários mundo afora.
A foto marcante do guerrilheiro, usando uma boina adornada por uma estrela, garante seu status de lenda como herói popular internacional e símbolo de rebelião, mesmo depois de sua morte.
Chamem o médico
Guevara se formou em medicina em 1953, deixando a Argentina logo depois. Em uma viagem de moto pela América do Sul com seu amigo de infância Alberto Granado. Guevara trabalhou durante três semanas na colônia de leprosos San Pablo, no Peru. A experiência teria radicalizado Guevara e solidificado sua determinação de uma cruzada contra o que ele considerava a exploração da América Latina por parte dos Estados Unidos. “Se você treme de indignação diante de todas as injustiças, então é meu camarada” – essa é uma de suas frases mais conhecidas.
Amigos revolucionários e importantes
Guevara, nascido na Argentina, combateu ao lado de Fidel Castro e o ajudou a criar um governo de partido único em Cuba, depois da revolução de 1959. Ele foi chefe do banco central do país e ministro da indústria nos primeiros anos do governo Fidel. Ele defendeu a nacionalização de empresas privadas e sonhava com uma sociedade sem classes, na qual o dinheiro pudesse ser abolido e os
salários fossem desnecessários. Em seu livro A Guerra de Guerrilhas, publicado em 1961, ele escreveu: “O camponês deve sempre receber ajuda técnica, econômica, moral e cultural. O guerrilheiro será uma espécie de anjo- guia que chegou à zona, sempre ajudando os pobres e incomodando os ricos o mínimo possível nas primeiras fases da guerra”.
Guevara também era temido por sua brutalidade e inclemência e supervisionou a execução de desertores, informantes e espiões. Em uma entrada fria de seu diário, ele descreve a execução do camponês Eutímio Guerra, por traição: “Disparei uma bala calibre .32 no hemisfério direito de seu cérebro, e ela saiu por sua têmpora esquerda. Ele gemeu por alguns segundos, depois morreu.”
Em Hollywood
As viagens de Guevara pela América do Sul chegaram às telas em 2004, com o filme Diários de Motocicleta. O filme foi co-produzido por Robert Redford e muito criticado por retratar o revolucionário como um jovem idealista. Anthony Daniels, crítico contumaz de Guevara, afirmou que o filme glorificou o rebelde. “O filme é o equivalente cinematográfico da camiseta de Che Guevara; é moral
e emocionalmente trivial. É como se alguém fizesse um filme sobre Adolf Hitler o retratando como um vegetariano que amava os animais e era contra o desemprego. Seria verdade, mas… fugiria do assunto”.
O anticapitalista celebrado pelo capitalismo
Falando em moralmente monstruoso, a imagem icônica foi massivamente reproduzida em camisetas, canecas, bonés, relógios, biquínis e outros produtos da sociedade capitalista odiada por Guevara. Não esqueçamos do que ele jurou: “Mais uma vez fui capaz de me convencer de como são criminosos os polvos capitalistas. Em uma foto de nosso querido e saudoso camarada Stalin, jurei não descansar enquanto esses polvos capitalistas não forem destruídos”.
O poder do dinheiro
Apesar de ter sonhado com uma sociedade em que o dinheiro fosse abolido, até hoje Guevara aparece cortando cana em uma cédula que circula. Ele ainda é um herói nacional no país por promover trabalho voluntário, ajudando na construção de casas e na colheita da cana-de-açúcar.
Uma figura chave
Em Rosário, cidade argentina onde ele nasceu, Guevara é homenageado com uma estátua de bronze de 12 m de altura, construída com 75 000 chaves doadas de todo o mundo e derretidas para a confecção do monumento. Erguida no 80o aniversário de sua morte, a estátua foi alvo do seguinte comentário do The Wall Street Journal: “Che Guevara finalmente ganha mais que uma reles camiseta”.
Uma morte ignominiosa
Guevara deixou Cuba em 1966 para começar um novo movimento guerrilheiro
anti-Estados Unidos na selva do leste da Bolívia, esperando criar “dois, três, muitos Vietnãs” na América Latina. Ele foi capturado por soldados bolivianos apoiados pela CIA e 8 de outubro de 1967 e morto a tiros numa escola no dia seguinte. Seu corpo, cravado de balas e de olhos abertos, foi exposto na lavanderia de um hospital e mais tarde enterrado numa cova sem identificação. Guevara tinha 39 anos. Seus restos mortais foram escavados e colocados num mausoléu em 1997.
*Fonte:Huffpost
Por: Adel Bezerra
Jornalista.