Foto: Hugo Barreto/Reprodução
Em um mês, o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no Distrito Federal aumentou 594%. Ou seja, sete vezes. Para frear a disseminação da Covid-19, o Governo do DF (GDF) estuda ampliar as restrições de atividades, como no caso de Ceilândia, Sol Nascente, Pôr do Sol e Estrutural.
“O Governo do Distrito Federal explica que é possível que medidas semelhantes sejam adotadas em qualquer uma das regiões administrativas, visto que tais decisões garantem a preservação de vidas”, informou o Palácio do Buriti.
Conscientização
Para a Secretaria de Saúde, o aumento dos casos é esperado, pois o DF ainda não atingiu o pico da pandemia, previsto para a primeira quinzena de julho. Até lá, os novos registros devem continuar a crescer aceleradamente. Também pesa nesta conta a testagem em massa na população, que aumenta a detecção de novos pacientes.
Neste sentido, a pasta destacou: medidas mais duras para a contenção da pandemia dependem da evolução da doença em cada região. O não cumprimento de normas previstas nos decretos do GDF é um fator que pode levar às novas restrições em outros pontos do DF.
Segundo fontes no Palácio do Buriti, os impactos iniciais nas restrições adotadas em Ceilândia, Pôr do Sol/Sol Nascente e Estrutural nesta semana foram positivos. Mas ainda é preciso de mais tempo para analisar os resultados.
Assim, por enquanto, o Executivo local apostará na conscientização da população, reforçando a necessidade do uso de máscaras, da higienização das mãos e da manutenção do distanciamento social. Segundo o governo, a população deve evitar aglomerações, pois elas são o grande foco de contágio.
Leitos ocupados
Até a noite dessa segunda-feira (08/06), o número de leitos com ventilação mecânica para Covid-19 ocupados na rede pública era de 201, de um total de 372. Ou seja, a taxa de ocupação está em 54%.
No caso dos leitos de enfermaria para tratamento da doença, 174 estavam ocupados, dentro do universo de 431. Percentualmente, a taxa de ocupação é de 40%.
Pelo diagnóstico da infectologista Joana D’arc Gonçalves, o GDF precisa apostar na conscientização para frear o avanço da pandemia. “As pessoas não se aglomeram por maldade. É natural da nossa cultura”, explicou.
Neste sentido, o governo precisa adotar estratégias semelhantes à campanha de uso do cinto de segurança no trânsito. Ou seja, com educação, mas também com pulso firme para cobrar o cumprimento da regra de segurança.
“A pandemia vai ficar por muito tempo. E temos uma longa trilha pela frente”, explicou. Assim, lista a especialista, é preciso ajuda da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e demais instituições para educar e fiscalizar o cumprimento das medidas determinadas pelo Poder Público.
Números
Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde, na noite desta segunda-feira (08/06), o DF registrou 16.948 casos confirmados da Covid-19. Em 8 de maio, eram 2.442.
O número de mortos registrados no último boletim chegou a 226, sendo 21 de outros estados. Trinta dias atrás, eram 37 óbitos, incluindo um residente de Goiás. O crescimento total de falecimentos em um mês foi de 510%.
Em 8 de abril, o DF registrou 509 pessoas infectadas. Na comparação com 8 de maio, o crescimento foi de 379%. Ou seja, a velocidade na curva de contágio em junho ficou muito acima.
A incidência de novos casos no sistema carcerário local também está preocupante, pois é 23 vezes maior do que o de Ceilândia, cidade líder em registros absolutos no DF. Um em cada quatro presos testados tem coronavírus: são 1.469 infectados (26,3%), de um total de 5.577 apenados e agentes submetidos ao exame para detecção da Covid-19.