Miguel Lucena*
O amigo leitor conhece alguém que não consegue rir de piadas? Eu conheço gente que ri de fingimento e só vai entender a anedota dias depois.
Geralmente, quem não tem senso de humor procura conversar literalmente, abordando assuntos de forma direta e sincera, com semblante fechado.
Até mesmo em mesa de bar ou balcão de boteco, há aqueles que, em meio à contação de lorotas e conversas ao vento, insistem em abordar problemas concretos e às vezes se tornam chatos, levando a terceiros problemas familiares e profissionais ou despejando conhecimentos que ninguém solicitou.
Não se trata de querer que as pessoas vivam contando piadas o tempo inteiro – o que é um distúrbio -, mas de estimular o pensamento abstrato, levando ao entendimento das entrelinhas, sem necessidade de dizer que pau é pau e pedra é pedra.
Estudos comprovam que o senso de humor é uma forma de o cérebro resolver situações complexas e paradoxais de maneira inusitada, estimulando a inteligência. A ironia e o sarcasmo estão entre as diversas formas de humor.
Conforme pesquisadores da escola francesa Insead, o sarcasmo é um tipo de ironia que permite que o cérebro se exercite, já que, para entender as declarações, é preciso compreender observações paradoxais, estimulando o pensamento abstrato e a capacidade criativa.
Segundo Li Huang, líder do estudo e professora de comportamento organizacional do Insead, “o sarcasmo pode estimular a criatividade, a concepção de ideias e a forma de solucionar problemas. Descobrimos que ele certamente catalisa uma maneira superior de pensamento”.