Foto: Rafaela Felicciano/Reprodução
Após as manifestações do ex-ministro Sergio Moro, da Justiça, da Advocacia-geral da União (AGU) e da Procuradoria-geral da República (PGR), o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta sexta-feira (22/05), autorizar a divulgação do conteúdo do vídeo da reunião ministerial com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O chefe do Executivo é alvo de um inquérito que também envolve o ex-juiz da Lava Jato.
Houve cortes, por parte de Celso de Mello, em trechos que mencionam outros países. “Assinalo que o sigilo que anteriormente decretei somente subsistirá quanto às poucas passagens do vídeo e da respectiva degravação nas quais há referência a determinados Estados estrangeiros”, destacou.
Após receber as gravações, nas quais Moro acusa Bolsonaro de interferir politicamente na Polícia Federal, o ministro deu prazo de 48h para que Moro, a AGU e a PGR se manifestassem sobre a possibilidade de divulgação do conteúdo. Os dois órgãos defenderam apenas a disponibilização de trechos em que Bolsonaro fala sobre a PF.
O presidente chegou a pedir para o decano não liberar a íntegra do vídeo: “Só peço: não divulga a fita toda”, disse Bolsonaro, na véspera da decisão de Celso de Mello. “Tem questões reservadas, tem particularidades ali. O resto, o que eu falei, tem dois pedacinhos de 15 segundos que eu falei de política externa que não pode divulgar. O resto, divulga”, completou.
Contradizendo o presidente da República, na peça enviada ao Supremo, a AGU diz que Bolsonaro mencionou a Polícia Federal e a família dele. Ele teria dito: “Eu não vou esperar f* minha família toda de sacanagem”. O militar da reserva alegou à imprensa que não havia citado nenhum desses termos.
Ainda de acordo com a AGU, o chefe do Executivo afirmou que iria interferir na PF, criticando a falta de transparência da corporação.“O serviço de informação nosso é uma vergonha. Eu não sou informado e não dá para trabalhar assim. Fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade”, teria dito Bolsonaro.
Ao se manifestar em favor da divulgação, Moro disse que “a reivindicação pela publicidade total da gravação trará à luz inquietantes declarações de tom autoritário inviáveis de permanecerem nas sombras”. O vídeo é tido como uma prova em relação às acusações que o ex-juiz da Lava Jato fez contra Bolsonaro.