Miguezim de Princesa
I
Sou a febre da Esplanada,
Sou o istopô calango,
Sou a titela do frango
Por dentro da quiabada,
Sou noite malassombrada,
Sou doido metendo o pau,
Sou aluno do Mobral,
Ninguém zomba da minha cara,
Só vou debaixo de vara
Pra depor no tribunal.
II
Sou Adélio com uma faca,
Fingindo que sou maluco;
Quando faço o vuco-vuco,
Ouço o troar da matraca;
Eu sou o peito da vaca
Que o Centrão quer mamar,
A melhor coisa é capar
Pra ver se acaba a tara,
Só vou debaixo de vara
Se o tribunal me chamar.
III
Sou Bolsonaro nervoso,
Sou a voz de Sérgio Moro,
Sou pobre contendo o choro
Com tudo dificultoso:
Sou o auxílio faltoso,
Sou a análise fatal,
Sou a espera infernal
Dos 600, coisa rara,
Só vou debaixo de vara
Pra depor no tribunal.
IV
Sou um cavalo-do-cão
Penicando no teu couro,
Eu sou o troféu de ouro
Que deram pra Seleção,
Sou a classe de Tostão
Do escrete nacional,
Fiz goleiro passar mal
Quando estava cara a cara,
Só vou debaixo de vara
Pra depor no tribunal.
V
Encontrei Celso de Melo
No beco da Guariroba,
Coisa boa é a maniçoba
Que eles servem no castelo,
Uma vara de marmelo
Não espanta general,
Só depois do carnaval
É que a gente dá as caras,
Só vou debaixo de vara
Pra depor no tribunal.