Giovana de Queiroz Batista sofreu intoxicação depois de inalar álcool em gel, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Uma menina de sete anos, moradora do Distrito Federal, foi parar no hospital por intoxicação após inalar álcool em gel. Segundo a família, após a lavar as mãos e usar o produto, Giovana de Queiroz Batista passou a se queixar de tontura e chegou a perder a consciência.
Segundo o pai, o servidor público Raylton Alves, a filha lavou as mãos com o álcool em gel e sentiu vontade de coçar o nariz, na última sexta-feira (24). “Só o cheiro forte do álcool já entrou no nariz dela queimando”, disse.
Raylton contou ainda que a menina teve outras reações “muito fortes”. “Ela não conseguia reconhecer nem a mim e nem a minha esposa. Ela não sabia o que estava fazendo ali [no hospital]. Quem eram as pessoas que estavam em volta dela. Então, perda total de consciência”, afirmou.
Após o atendimento médico, Giovana passou a noite internada em um hospital particular. Ela recebeu alta no dia seguinte, no sábado (25). “O pediatra que nos atendeu informou que o álcool gel, tem uma concentração altíssima, de 70% […]. Então, o efeito em uma criança, com apenas 28 quilos, é o mesmo que o de um absinto”.
Cuidados
Durante a pandemia do novo coronavírus, as autoridades de saúde têm reforçado a importância da higienização das mãos. No entanto, segundo a pediatra Natália Sarkis, o número de casos de crianças intoxicadas por inalação de álcool em gel aumentou nas últimas semanas.
“Foi observado um aumento de casos de ingestão acidental de álcool em gel na faixa etária pediátrica”, afirma. “Isso aconteceu devido ao aumento de frascos disponíveis no ambiente domiciliar”.
“Os frascos de álcool em gel de diferentes apresentações e, às vezes, chamativas, fizeram com que as crianças despertassem o interesse e acabassem ingerindo acidentalmente esse conteúdo”, afirma a médica.
De acordo com a pediatra, os principais sintomas de intoxicação em crianças são:
- Sonolência
- Irritabilidade
- Fala arrastada
- Dificuldade para andar
“O que fazer nesses casos é levar a criança imediatamente ao hospital. Para que ela possa ser avaliada pelo pediatra ou por outro profissional de saúde e para que ela possa receber os primeiros cuidados”, explica Natália Sarkis.
Acidentes domésticos
Com as aulas suspensas e as crianças em casa o tempo todo, o cuidado precisa ser redobrado. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, acidente doméstico é a principal causa de mortalidade na faixa etária de 1 a 14 anos.
De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal, Paulo Jorge, os acidentes mais comuns são queimaduras, afogamentos, choques elétricos e intoxicação. “A criança deve estar sempre sob o campo de visão do adulto, que também não deve transferir a responsabilidade para outra criança”, afirma.
Ainda segundo o militar, outra recomendação para quem está cumprindo a quarentena em casa é substituir o uso do álcool em gel por lavagem das mãos com água e sabão. “O álcool tem a propriedade de ressecar a pele, porque ele tem a propriedade desengordurante.”
Por que lavar as mãos previne contra o coronavírus?
Lavar as mãos é uma das mais eficazes para combater o novo coronavírus. — Foto: Foto|Crédito: Divulgação/iStock Photos
Para infectar uma pessoa, o vírus precisa sair de um doente e entrar no organismo de outra pessoa. Ao tossir ou espirrar, por exemplo, o vírus se espalha por meio das gotículas.
Estudos avaliados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o coronavírus pode persistir nas superfícies por algumas horas ou, até mesmo, vários dias. Isto pode variar e depende das condições do local, do clima e da umidade do ambiente.
Usando as gotículas como “transporte”, os vírus podem ficar em superfícies como maçanetas, apoios de transporte público, botões de elevadores, teclas de computador, celulares, entre outros.
Por isso, lavar as mãos retira o vírus da superfície do corpo e evita que, ao se coçar, por exemplo, ele entre em mucosas – como olhos, boca e nariz –, o que causa a infecção.
G1 DF*