FOTO: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES/REPRODUÇÃO
O agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro confirmou a sua saída do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Ele justificou a sua exoneração ao dizer que o presidente queria “interferir politicamente” na Polícia Federal ao exonerar, sem o seu conhecimento, o diretor-geral da Polícia Federal.
“Sobre a exoneração de Valeixo, fiquei sabendo pelo diário oficial. não assinei esse decreto”, disse. “Fui surpreendido, e achei que isso foi ofensivo”, disse. Ele destacou que, frente a isso, não tem mais como ficar no cargo. “Com essa exoneração, [Bolsonaro] mostra que não me quer no cargo”, afirmou.
Ao destacar que teria recebido “carta branca” de Bolsonaro para nomeações na pasta, ele avaliou que a exoneração foi uma “violação” desse acordo e uma “interferência política” na PF. “Não é só troca do diretor-geral, havia também intenção de trocar superintendentes”, prosseguiu.
“Presidente queria alguém para ligar, colher informações , colher relatórios de inteligência. Isso não é papel da Polícia Federal”, prosseguiu. “O grande problema é que não é tanto essa questão de quem colocar, mas por quê colocar, e permitir que seja feito a interferência política no âmbito da Polícia Federal”, prosseguiu.
Ele destacou a proximidade que um anúncio desses gera entre as pessoas, como jornalistas e membros do governo, em tempos de pandemia de coronavírus. Em suas primeiras palavras, Moro destacou ter recebido “carta Branca”, do presidente Jair Bolsonaro para conduzir o trabalho na Justiça.
“Lamento esse evento na data de hoje, estamos passando por uma pandemia, do covid-19, temos uma informação lamentável de 407 óbitos”, disse. “Foi inevitável, mas peço a compreensão. Não foi por minha opção”, complementou.
Carta branca
Moro informou nesta sexta-feira (24/04) que recebeu carta branca do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para nomear cargos da pasta quando foi convidado para participar do governo.
“O que foi conversado com o presidente foi que nós teríamos um compromisso no combate à corrupção”, destacou, em entrevista coletiva.
Segundo Moro, ele recebeu carta branca para nomear “todos os assessores desses órgãos, como da Polícia Federal”.
O pronunciamento surge logo após a exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, a pedido do presidente Bolsonaro.
Histórico
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, faz um pronunciamento nesta sexta-feira (24/04) após a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo.
Valeixo é nome próximo a Moro e foi indicado pelo próprio ex-juiz para a direção da PF.
Bolsonaro destacou, em rede social, que a exoneração foi feito “a pedido” de Valeixo. Aliados do ministro e servidores da PF, contudo, garantem: o pedido não foi feito.
Metrópoles