O cenário, em nada lembra um dia útil no terceiro maior aeroporto do Brasil em movimentação de passageiros. Poucos circulam pela área dos 36 portões de embarque e desembarque do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília.
A explicação está em um dos painéis que monitoram a chegada e a partida dos voos: só nesta quarta-feira (25), segundo a Inframérica, que administra o terminal, 112 decolagens foram canceladas. Em dias normais, a operação é de, em média, 380 voos.
A presença de funcionários também está reduzida. Os seguem trabalhando, tiveram que se adequar às medidas que restringem o funcionamento do comércio: apenas lanchonetes e restaurantes estão abertos.
Apesar da reportagem não ter presenciado, durante quase uma hora em que esteve no Aeroporto, a Inframérica diz que há um sistema de aviso sonoro com informações a respeito da pandemia do Covid-19 e os cuidados para evitá-lo. Em quatro línguas, português, inglês, espanhol e mandarim.
Nas áreas de circulação, a reportagem não encontrou álcool em gel para o uso de passageiros e funcionários. Nos banheiros, havia sabonete líquido.
A Inframérica diz que segue a orientação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e que há frascos de álcool em gel para os funcionários que trabalham em pontos cruciais, como o raio-x e o balcão de informações. Além disso, explica que intensificou o serviço de limpeza em todo o aeroporto, utilizando mesmo produtos de limpeza que são usados em UTIs hospitalares.
Máscaras
Já as máscaras, estão por todos os lados do Aeroporto JK. Inclusive, no rosto de grande parte dos funcionários da Inframérica. A concessionária informou que fornece o material e recomenda o uso para aqueles que trabalham com o público.
Entre os viajantes, muitos optaram por também usar máscaras. Como o casal Maria Selma Sousa e Manoel José Silva, que estavam em conexão por Brasília.
Ambos são idosos e fazem parte do grupo de maior risco para a Covid-19. Eles estavam voltando das férias, em João Pessoa (PB), a caminho de casa, no estado do Rio de Janeiro (RJ).
Selma disse que ela e o marido estão preocupados com a nova doença. “A gente sabe que a orientação é pra usar só quem estiver com sintomas, mas essa doença não é brincadeira e aqui circula muita gente, vinda de todo lugar”, disse Selma.
“Estamos com medo e não vamos tirar a máscara até estarmos dentro de casa.”
Já os funcionários de restaurantes e lanchonetes, que mantiveram as operações, não trabalham de máscaras. Alguns relataram que gostariam de usá-las, mas foram orientados a não constranger o público que circula por ali.
Além disso, segundo os donos dos empreendimentos, estão sendo seguidas as determinações do Ministério da Saúde. “Apenas pessoas sintomáticas ou que tiveram contato com alguém infectado devem usar máscaras”, explicam.
Medição de temperatura
Nos poucos desembarques que ainda acontecem no Aeroporto Internacional de Brasília, os passageiros que chegam não estão passando por triagem ou medição de temperatura. A Anvisa esclarece que esse é o correto e que a medida “não tem suporte em evidências científicas nem nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS)”.
“A Anvisa monitora todos os relatos feitos em aeronaves para fazer as intervenções, quando necessárias. A notificação de casos ou suspeitas a bordo bem como a veiculação dos avisos de alerta antes do voo é de responsabilidade das companhias aéreas.”
A Inframérica informou ainda que o Corpo de Bombeiros do DF está à disposição e concentra os trabalhos de medição de temperatura nos horários de maior movimentação. (G1/DF)