Miguezim de Princesa
I
Quando o povo no sertão
Resolvia se juntar,
Em um forró ou comício,
Já se ouvia alguém falar:
– Valei-me, como tem gente,
Isso ali é um fuá!
II
Quando na área a pelota
O jogador ia jogar,
Meu pai ficava no aceiro
Do velho campo a gritar:
– Zé Calunga, lance a bola
Bem no meio do fuá!
III
Com o tal coronavírus,
Que veio de importação
Das terras do oriente,
Passou por China e Japão,
Tornou-se até perigoso
Alguém apertar uma mão.
IV
Tentaram esconder o vírus
Na Província de Hubei,
Um médico foi perseguido,
Mas ele é que era a lei,
Morreu gente de carrada,
A quantidade eu não sei.
V
Dizem que além do morcego,
Que espalha feze ruim,
Existe um outro hospedeiro,
Que é um tatu mandarim,
Vendido no meio da feira,
Chamado de pangolim.
VI
O povo pobre da China
Come até risco no chão:
Rato, morcego e barata,
O ferrão do escorpião
E o pangolim cozido
Com uma tijela de pirão.
VII
O vírus se espalhou
E saiu matando gente
Pra tudo quanto foi lado,
Não sobrou um continente,
E é preciso cuidado
Pra conter esse vivente.
VIII
Pra não se contaminar,
Evite aglomeração,
Não dê uma de beijoqueiro,
Não se aperte em multidão,
É bom sempre se lembrar
De higienizar as mãos.
IX
Lave com água e sabão,
Também passe álcool em gel;
Espere passar a crise
Pra sair em lua de mel
Por outras partes do mundo,
Cada um faz seu papel.
X
Esse é um vírus cruel,
Que mata mais gente idosa.
Por isso, indo ao banheiro,
Quando voltar cheio de prosa,
Lave as mãos com jeito e gosto,
Não me venha com mão sebosa.