Miguel Lucena*
Não havia tempo ruim para Flávio, o Flavão, meu cunhado, casado com minha irmã Neci. Nenhuma crise financeira conseguia tirà-lo do sério. Estava sempre alegre e a esbanjar confiança.
Com uma garrafa de Black Stone ao lado (ele dizia que era o melhor uísque), Flavão contava histórias de bravuras e se apresentava como o homem mais destemido da Serra da Borborema.
Gente boa demais, amado por todos, arrancava boas gargalhadas ao exagerar nos feitos de valentia, como um Dom Quixote das ladeiras de Campina Grande.
A indesejada das gentes veio buscá-lo às vésperas do Carnaval e no dia do aniversário de sua amada, a caçula da Família Florentino de Lucena. Ainda bem que passou o dia comemorando, ao lado das filhas Emanuelle e Laura.
É bem capaz de, chegando ao Céu, dizer que não enfrenta o Bando de Lampião sozinho porque eles estão no Purgatório ou no Inferno, pois ele só teme o poder de Deus.