Foto: MICHAEL MELO
O comando definitivo do Complexo Esportivo de Brasília foi repassado ao consórcio Arena BSB na manhã desta terça-feira (04/02/2020). O governador Ibaneis Rocha (MDB) transferiu a gestão para o presidente do grupo de empresas, Richard Dubois, que ficará responsável pelo Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, pelo ginásio Nilson Nelson, pelo complexo aquático Cláudio Coutinho e pela área no entorno.
Segundo o chefe do Executivo local, a concessão vai liberar o GDF de uma conta mensal de R$ 700 mil, gastos na manutenção desses locais. Ainda de acordo com ele, durante os últimos seis meses o consórcio investiu R$ 3 milhões em melhorias na arena e, até o fim deste ano, serão investidos R$ 22 milhões. A concessão do complexo é de 35 anos. O DF receberá 5% do faturamento anual e R$ 5 milhões por ano, segundo o acordo.
“O que todo mundo julgava ser um elefante branco passa a ser um motor de desenvolvimento na nossa cidade, através do turismo e de grandes eventos, das partidas esportivas”, disse, sobre o estádio.
Durante a Operação Panatenaico, que investiga desvios de verba na construção do estádio, o Ministério Público Federal no DF denunciou 12 pessoas. Além disso, foram presos os ex-governadores José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB). Todos acabaram soltos após uma semana.
Ibaneis afirmou que está disposto a conceder mais áreas públicas de Brasília à iniciativa privada. “Essa é a função do Estado: tirar as obrigações que não são dele e assumir as que têm que fazer. Não sou contra o Estado mínimo”, discursou.
Autódromo
Segundo ele, o autódromo Nelson Piquet será o próximo. “Eu já cancelei a licitação em andamento. Nós vamos executar, através de obra direta, a pista e ver o interesse daqueles em uma concessão, que pode ser muito melhor para o Estado”, afirmou.
“Por isso, destaquei Kaline [Gonzaga]”, apontou o governador, referindo-se à nomeação da sua chefe de gabinete como diretora de Novos Negócios da Terracap. Ela assumirá nesta quarta-feira (05/02/2020).
Ibaneis explicou que o governo não tem vontade nem interesse de gerir o autódromo. Disse ainda que existe interesse da iniciativa privada em trazer as grandes corridas para o DF.
Antes de transferir a pista para empresários, a Terracap vai gerir um obra no local, mas ainda não se sabe quanto custará. Após o lançamento da licitação, a expectativa do GDF é começar a reforma em junho para terminar até o fim do ano e colocar em operação em 2021.
OAB
Ibaneis citou outros exemplos, como o Pavilhão do Parque da Cidade. Por causa de um evento com 15 mil advogados na capital, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) assumirá a obra de reforma do local. Ele disse também que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) apresentará um projeto para restaurar a Praça dos Três Poderes.
No último caso, o GDF fará as obras em parceria com o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Novacap será o órgão executor. Ibaneis classifica a reforma como emergencial, por causa do aniversário de 60 anos de Brasília, celebrado no próximo dia 21 de abril.
“A reconstrução de Brasília é um projeto difícil de carregar nos ombros”, afirmou. “Nesse sentido, a parceria com a iniciativa privada é fundamental. Com a construção do autódromo, nós teremos eventos em todas as semanas”, continuou o governador, que agradeceu o trabalho de fiscalização do Tribunal de Contas do DF no caso da transferência do Mané Garrincha.
Além disso, citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek: “Nós temos que pensar grande. Grande como Juscelino”. Segundo Ibaneis, essas parcerias fazem parte da solução para o desemprego na cidade.
“Ainda temos, em Brasília, 300 mil pessoas desempregadas. É exatamente para isso que as minhas portas estão abertas para o empresariado. Quem gera emprego é empresário. Governo só dá despesa”, disparou.
Mais cadeiras
Na nova fase, o consórcio planeja receber 500 mil pessoas nos próximos 60 dias em eventos religiosos, esportivos e musicais. No dia 16 de fevereiro, por exemplo, o Mané Garrincha será palco da final da Supercopa do Brasil, entre Flamengo e Atlético-PR.
Outro exemplo é o show da banda norte-americana Maroon 5, em março. A Seleção Brasileira de futebol também é esperada em setembro. O jogo será válido pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar, em 2022.
Para conseguir colocar mais gente no estádio, foram instaladas 2 mil novas unidades fixas. Serão, no total, 72 mil cadeiras. O objetivo, segundo Dubois, é lotar o local para conseguir o público recorde nacional. No ano passado, a partida entre Flamengo e CSA, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro, reuniu 65.649 pessoas.
O evento reuniu diversos secretários que têm interesse direto na utilização do complexo. Caso de Bartolomeu Rodrigues (Cultura), Vanessa Mendonça (Turismo) e Leandro Cruz (Esportes), além de Izidio Santos, presidente da Terracap, e do distrital Rodrigo Delmasso, vice-presidente da Câmara Legislativa.
O deputado, aliás, afirmou que a Casa destinou emendas para assegurar Brasília como sede do Mundial de Vôlei deste ano até 2022.
Metrópoles