Miguel Lucena*
Em todos os setores, especialmente no meio político, alguns modos de agir acabam se repetindo e saturando, o que leva seus agentes ao encerramento de suas carreiras. É como se fosse um causídico dado a chicanas que enfrenta o trânsito em julgado de uma causa na falta de recursos para manejar.
Exige-se reciclagem em tudo. Quem não admite erros irá repeti-los indefinidamente, sem alterar seu modo de agir mesmo diante de insucessos e tragédias.
Inteligência não é dom. Fica-se inteligente ao longo da vida, resolvendo problemas, ensinam os construtivistas pós-piegatianos. Esperteza é outra coisa.
Há espertos que se acham inteligentes. Aqueles querem passar a mão na oportunidade a qualquer custo, mesmo que seja a ponta de alguma coisa, enquanto estes sabem aguardar com paciência, investem e reconhecem o valor do semelhante, conquistando a confiança da maioria e colhendo os frutos da semeadura.
Há quem sinta prazer em enganar outrem. Fazem isso aqui e ali, até que não tenham mais a confiança de ninguém. A fama se espalha, as vítimas se comunicam, protegem-se, como um coletivo de consumidores lesados.
Alguns leiloeiros políticos trocam de aliados de acordo com a vantagem que lhe é ofertada a cada momento; outros bajulam determinada pessoa em um momento de necessidade, mas a abandonam logo que têm sua pretensão atendida.
Alguns deles, que se repetem a cada período, estão com suas carreiras praticamente encerradas, outros sobrevivem à custa das últimas patacas que restaram dos assaltos aos cofres públicos e esquemas afins.
A vida, cobradora implacável, sempre bate à porta do devedor.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.