terça-feira, 26/08/25

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O NOME DAS COISAS

Passada a euforia da Copa, vem a ressaca da realidade: dívidas acumuladas, maníacos atacando crianças, magistrados se estapeando para ver quem pode mais, o cenário político com os mesmos personagens de sempre e os eleitores desanimados.
– Figura carimbada não completa álbum – me disse um senhor de idade em reunião no Setor O de Ceilândia, referindo-se aos mesmos de sempre que, ano a ano, se repetem com a mesma conversa mole.
Há um jogo combinado entre parte dos políticos e eleitores: um finge que entende o outro, desde que haja alguma vantagem pecuniária entre o início e o fim da conversa.
É chegado o momento de dizer não à hipocrisia reinante: falar o que sente e pensa, com as cautelas necessárias para não ferir o semelhante. Quem diz que não quer nada é quem mais pede; quem mais promete é quem menos faz.
– Ainda não fechei com ninguém – diz o cabo eleitoral, numa linguagem cifrada para não revelar que ainda não acertou o valor do trabalho. Fechar significa salário, mas a hipocrisia brasileira não permite que se fale em dinheiro, cujo nome atual é “fecho”.
Precisamos, urgente, dizer o nome das coisas com clareza.

*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.

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