Uma nova leva de depoimentos no Congresso dos Estados Unidos deve voltar a testar a força do processo de impeachment movido contra o presidente republicano Donald Trump. Pela segunda semana seguida, testemunhas do suposto escândalo de suborno envolvendo Trump e seu par ucraniano, Volodymyr Zelenski, retomarão suas falas, exibidas em rede nacional de televisão para milhões de norte-americanos.
Na última quarta-feira, novas evidências que reforçam as suspeitas de abuso de poder por parte de Trump foram apresentadas no primeiro dia de audiências públicas no Congresso. Para esta semana, outros depoimentos prometem revirar ainda mais o caso, dentre eles, o da assessora do vice-presidente Mike Pence, Jennifer Williams.
William Taylor, embaixador interino de Washington em Kiev que já havia falado a portas fechadas no final de outubro, voltou a declarar, na semana passada, que recentemente soube de um telefonema entre Trump e o embaixador americano na União Europeia, Gordon Sondland.
Segundo Taylor, que se baseou em comentários de um colega que teria conversado com Sondland sobre o presidente, Trump se importava mais que o governo ucraniano investigasse o pré-candidato democrata à presidência, Joe Biden, do que dava atenção à situação na Ucrânia, em luta contra separatistas apoiados pela Rússia. A suspeita era que o então vice-presidente americano Biden teria acobertado um caso de corrupção envolvendo seu filho Hunter, que fez parte do conselho da empresa de gás ucraniana Burisma.
Do lado dos republicanos, Trump continua negando irregularidades, e afirma que o processo movido pelos democratas é uma “caça às bruxas”. Para ser efetivado, o impeachment do presidente precisaria ser aprovado pelo Senado, cenário quase impossível, já que a maior parte da casa é republicana. Os desdobramentos do processo, no entanto, devem arranhar a imagem Trump.
Em outubro, uma pesquisa realizada pelo canal de televisão Fox News revelou que 51% do eleitorado apoia o impeachment. A perda de popularidade do presidente é um motivo de preocupação para os republicanos. Ontem, o partido perdeu a segunda eleição estadual em um mês, mais uma vez num estado em que o presidente teve uma esmagadora vitória em 2016. Primeiro foi no Kentucky e, agora, na Louisiana. Trump se envolveu pessoalmente nos dois pleitos, o que acabou por estimular opositores a comparecer às urnas. É este, na visão de analistas, o grande risco do presidente para 2020.