O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou nesta quarta-feira (8) que a greve de servidores da administração pública “não vai dar em nada”. Segundo o político, “não existe possibilidade de negociar nada no âmbito de salários”.
A declaração do chefe do Executivo foi dada após reunião com o presidente Jair Bolsonaro, governadores, ministros e parlamentares para discutir propostas de mudanças no pacto federativo (veja mais abaixo).
A afirmação de Ibaneis ocorre no momento em que diversas categorias do DF se movimentam pelo reajuste salarial. Os metroviários completaram, nesta quarta (8), sete dias de paralisação das atividades.
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Governador Ibaneis Rocha participou de café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro na Residência Oficial da Presidência do Senado nesta quarta-feira — Foto: Marcos Brandão/Senado
Os servidores do Metrô-DF reivindicam a manutenção do acordo coletivo de trabalho que venceu em abril e é assinado de dois em dois anos. O sindicato que representa a categoria, o Sindmetro-DF, pede também o cumprimento de sentenças judiciais que determinam o reajuste dos salários dos servidores pelo INPC.
A entidade quer, ainda, um acordo para que a jornada de trabalho dos pilotos mude oficialmente de 8 horas para 6 horas diárias.
Durante a declaração, Ibaneis comentou a situação salarial dos pilotos do Metrô-DF:
“Um condutor de um trem do Metrô-DF ganha R$ 12 mil. Enquanto em São Paulo, ele faz o mesmo serviço e ganha R$ 4 mil […] Agora, tenho a responsabilidade de administrar o Estado em que houve aumentos salariais fora da proporção nacional”.
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Metrô do Distrito Federal no trecho de Águas Claras — Foto: André Borges/Agência Brasília
Segundo o governador, a equipe econômica do DF tem se esforçado para “manter as contas em dia”.
“No momento em que tivermos um superávit e conseguirmos enquadrar as contas do DF, certamente, nós vamos valorizar os servidores.”
Em março deste ano, Ibaneis disse que não havia a possibilidade, em 2019, de dar o reajuste de salário prometido aos servidores do DF. O governador – que durante a campanha prometeu quitar a última parcela aguardada por 32 carreiras de servidores desde 2015 – admitiu que não seria possível fazer isso neste ano.
O Sindireta, que representa os servidores públicos do DF, apontou que Ibaneis se elegeu com apoio da categoria. Por meio de nota enviada à reportagem na época, a entidade afirmou que “a pauta de reivindicações tem como prioridade o pagamento da terceira parcela do reajuste concedido ainda em 2013” e que busca “avanços nas reposições salariais”.
Privatização do Metrô-DF
Em meio à greve dos metroviários, o GDF lançou um chamamento público para empresas interessadas em assumir a gestão do Metrô-DF. O edital foi publicado no Diário Oficial do DF na última sexta-feira (3).
Essa medida também recebeu comentários do governador no encontro com Jair Bolsonaro desta quarta (8):
“Acho que aqui, em Brasília, durante muito tempo, em virtude dos governos de esquerda e socialistas, houve uma apropriação das empresas do DF pelo serviço público. E, agora, nós teremos que dar uma enquadrada nessa situação.”
Reunião com Bolsonaro
O encontro dos governadores, ministros e parlamentares com o presidente Jair Bolsonaro para discutir propostas de mudanças no pacto federativo foi organizado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e ocorreu na residência oficial do Senado, em Brasília.
Bolsonaro deixou o encontro sem conceder entrevista. Ele viajou para o Rio de Janeiro, onde cumprirá compromissos nesta quarta (8).

Bolsonaro participa de reunião com governadores para discutir pacto federativo
Alcolumbre afirmou que 70% dos recursos arrecadados ficam com a União. A intenção é rever o pacto federativo e inverter os números e aumentar repasses a estados e municípios.
“A gente quer inverter essa pirâmide, a gente quer que 70% dos recursos estejam na ponta, onde a vida das pessoas acontece”, disse.
Alcolumbre informou que Bolsonaro pediu o apoio dos governadores à reforma da Previdência. Os governadores, por sua vez, desejam “ajudar” na reforma, mas querem as mudanças no pacto federativo.
Os governadores apresentaram uma carta a Bolsonaro com seis pontos:
- Implementação “imediata” de um “plano abrangente e sustentável” para restabelecer o equilíbrio fiscal dos Estados e do Distrito Federal
- Compensação de estados e do Distrito Federal pelas perdas na arrecadação decorrentes da Lei Kandir
- Instituir um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) permanente e dotado de status constitucional
- Regularizar a “securitização” de créditos dos estados e do Distrito Federal
- Garantia de repasses federais dos recursos provenientes de cessão onerosa/bônus de assinatura aos estados ao Distrito Federal e aos municípios
- Avanço da Proposta de Emenda à Constituição nº 51/2019 para aumentar para 26% a parcela do produto da arrecadação dos impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados destinada ao Fundo de Participação dos estados e do Distrito Federal
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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em entrevista após encontro com o presidente Jair Bolsonaro e governadores para discutir propostas de mudanças no pacto federativo — Foto: Guilherme Mazui/G1
De acordo com Alcolumbre, o Senado decidiu assumir o “compromisso” de liderar as discussões sobre o pacto federativo, a fim de alterar a relação entre União, estados e municípios, com mudanças, por exemplo, na distribuição de recursos arrecadados por meio de impostos.

