Cerca de cinco mil manifestantes protestam no entorno do Estádio Maracanã, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde é disputada neste domingo (30) a final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha.
A manifestação começou pacífica, com concentração na Praça Saens Peña, na Tijuca, e seguiu por cerca de dois quilômetros rumo ao estádio. No início da passeata, os manfiestantes foram aplaudidos por onde passavam e contaram com a escolta de centenas de policiais, além de dois helicópteros.
Por voltas das 18h30, a marcha chegou ao bloqueio formado pela Polícia, na tentativa de impedir a aproximação de manifestantes ao estádio, na altura do encontro com a Rua São Francisco Xavier e a Avenida Maracanã. Teve então início o confronto entre policiais e manifestantes. Em meio à fumaça branca provocada pelo uso de bombas de efeito moral pelos policiais, muitos manifestantes corriam em sentido contrário ao da Tropa de Choque.
Segundo da repórter Ana Luiza Cardoso, no meio da confusão a Tropa de Choque encurralou um grupo de cerca de 500 manifestantes numa rua de no máximo 100 metros, e começou a disparar bombas de gás lacrimogênio intensamente. Os manifestantes estavam com as mãos ao alto e agiam de forma pacífica. Após o confronto, alguns ficaram feridos e foram socorridos por um grupo de manfestantes que usava jaleco branco — provavelmente, estudantes de medicina. De acordo com o capitão Luna da Tropa de Choque, não houve ordens para a ação. Ele desconhece o ocorrido.
O técnico de enfermagem Victor Gabriel Vieira de Rezende, 21 anos, foi à manifestação com um grupo de 15 voluntários que vieram de jalecos brancos para oferecer primeiros socorros aos manifestantes em caso de conflito com a polícia. Ele conta que enquanto os manifestantes jogavam garrafas de água na polícia, os agentes revidavam com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha.
Durante confronto, ele sentiu uma forte dor na perna. “Quando levantei a calça, vi que tinha sido acertado por uma bala de borracha”, diz ele, que carregava uma bandeira branca, como pedido de paz. “Senti minha perna doendo muito”. Por ser técnico de enfermagem,conseguiu fazer o curativo sozinho.
“Foi o confronto mais violento que presenciei”, diz voluntária
A estudante de Design Annia Zacchi, de 22 anos, faz parte do grupo do mesmo grupo de voluntários de Victor. “Não sou formada em enfermagem, mas sei fazer curativos de primeiros socorros”, diz ela, que participou de outras manifestações nas últimas semanas no Rio de Janeiro. Para Annia, esta foi a mais agressiva. “Respirei gás lacrimogênio em outros protestos, mas esse era de longe o mais forte. Foi o confronto mais violento que presenciei”.
segurança do evento foi reforçada e conta com 10.600 policiais, 7.400 militares e 1.300 agentes particulares. Dois helicópteros fazem a escolta dos manifestantes. São esperados hoje 70.000 torcedores para assistir à final da Copa das Confederações.
Participam do protesto pessoas de várias idades, em pequenos e grandes grupos. Entre as reivindicações, estão mais investimentos em saúde e educação por parte do governo do Rio de Janeiro, e o combate à corrupção. Eles também protestam contra os gastos com a realização da Copa das Confederações e Copa do Mundo de 2014.