Prédio teve janelas quebradas, cadeiras e extintores roubados, diz pasta. Governo do DF ainda apura prejuízo em ruas; PEC foi aprovada no Senado.
O Ministério da Educação informou nesta quarta-feira (30) que terá de gastar R$ 170 mil para recuperar materiais e equipamentos destruídos na terça (29), durante o protesto de estudantes e ativistas políticos na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O grupo manifestava oposição à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que foi aprovada em primeiro turno no Senado nesta terça.
O MEC classificou a ação dos manifestantes como um “ataque realizado por um grupo de vândalos”. Segundo a pasta, 38 placas de vidro da fachada do prédio foram quebradas, cada uma com 5 metros quadrados. Espelhos de fachadas e elevadores, revestimentos de paredes, computadores, câmeras de segurança, balcões de vidro, televisores e caixas eletrônicos foram destruídos.
O ministério também afirma que os manifestantes “roubaram extintores de incêndio, cadeiras, bancos e computadores e depredaram um carro oficial”. Segundo a pasta, os R$ 170 mil correspondem apenas ao material que terá de ser comprado – o número não inclui a mão de obra para os reparos e a instalação dos equipamentos.
Até a noite desta quarta, o governo do DF ainda não tinha informado o valor do prejuízo referente às áreas abertas da Esplanada dos Ministérios. O ato terminou com placas de trânsito e de identificação de ministérios quebradas, luminárias arrancadas, orelhões danificados, caixas de correio detonadas e grades destruídas.
Durante a vistoria na manhã desta quarta, o ministro Mendonça Filho disse ter pedido à Polícia Federal para que apure os atos. Ele classificou a destruição do prédio como “um vandalismo como nunca vi na vida”.
“Mostrou que a intolerância e a violência têm sido a prática política de alguns grupos radicais, que a gente tem de enquadrar dentro daquilo que estabelece a lei brasileira”, afirmou, segundo texto divulgado pelo MEC. Imagens do circuito interno foram repassadas à PF, para que os envolvidos possam ser identificados.
A depredação também atingiu outros prédios de ministérios, como o bloco que concentra as pastas de Desenvolvimento Agrário, Esporte e Comunicação Social. Fachadas dos ministérios, da Catedral de Brasília e do Museu Nacional também foram alvos de pichação.
Protesto
Os manifestantes e policiais militares entraram em confronto depois que um grupo virou carros que estavam estacionados de baliza na lateral da Esplanada. A corporação reagiu com bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes quebraram, então, vidros e aparelhos de ar condicionado dos ministérios do Esporte e Desenvolvimento Agrário e da Educação, arrancaram placas de trânsito, quebraram orelhões e atearam fogo a veículos.
Uma barricada foi montada na pista, com sacos de lixo, entulho e banheiros químicos. O Museu Nacional e outros prédios da Esplanada foram pichados. A PM voltou a dispersar bombas de gás na tentativa de dispersar o grupo. Por volta das 20h50, a Esplanada dos Ministérios já tinha sido liberada, mas os manifestantes davam continuidade ao ato na rodoviária do Plano Piloto.
Parte do grupo aplaudiu os atos de vandalismo. Os manifestantes gritavam “Fora, Temer”, “Não à PEC”. Outra parte dos manifestantes pediu a policiais militares que fizessem um cordão em volta da pista para garantir a segurança dos que não estavam envolvidos com a confusão.
Um estudante da Universidade Federal de Minas Gerais de 20 anos informou que o tumulto começou no espelho d’água, quando manifestantes jogaram água em policiais. Ele conta que um militar reagiu com spray de pimenta depois de uma ser atingido por uma garota.
Outra jovem, do Rio de Janeiro, diz considerar o protesto importante. “São 20 anos que eu vou sofrer, meus filhos [também vão sofrer]. E não tem nenhuma consulta ao povo.”
PEC do teto
A proposta em análise no Senado estabelece que as despesas da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) só poderão crescer conforme a inflação do ano anterior. O texto é considerado pelo governo um dos principais mecanismos garantir o reequilíbrio das contas públicas.
Pelo texto da PEC, se um poder desrespeitar o limite de gastos sofrerá, no ano seguinte, algumas sanções, como ficar proibido de fazer concurso público ou conceder reajuste a servidores.
Inicialmente, os investimentos em saúde e em educação entrariam no teto já em 2017, mas, diante da repercussão negativa da medida e da pressão de parlamentares aliados, o governo concordou em fazer com que essas duas áreas só se enquadrem nas regras a partir de 2018.