Ano passado teve menor índice da década, diz Saúde; 12 mães morreram. ONU prevê 35 óbitos para 100 mil nascidos; Brasil luta para atingir marca.
O Distrito Federal conseguiu atingir a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a redução da mortalidade materna – casos em que a mulher morre durante a gestação, no parto ou nos primeiros dias após o nascimento. Os 12 casos registrados em 2015, segundo a Secretaria de Saúde, representam o índice mais baixo da última década.
Em dados absolutos, o DF registrou 21 mortes em 2013 e 17 em 2014. A meta estabelecida pela ONU para o país é de, no máximo, 35 óbitos maternos para cada 100 mil nascidos vivos. Na capital federal, o índice relativo foi de 47,2 em 2013, 38 em 2014 e 26,2 no ano passado – o primeiro abaixo da meta.
O relatório divulgado pela Secretaria de Saúde também mostra que as principais causas de mortalidade materna no DF, entre 2010 e 2015, foram a hipertensão arterial e a gravidez terminada em aborto. Juntas, elas responderam por 4 em cada 10 casos fatais.
O estudo também mostra que as mortes foram mais frequentes em mulheres entre 40 e 49 anos e entre mães negras, sobretudo entre aquelas que não fizeram acompanhamento pré-natal adequado ou estiveram em menos consultas do que o recomendado.
Regiões com menor renda per capita como Itapoã, Varjão, Park Way, Sobradinho II e Planaltina registraram mais mortes. Dessas, apenas Planaltina tem um hospital regional de grande porte.
Apuração
Os números são registrados pela Gerência de Informação e Análise de Situação em Saúde da Secretaria de Saúde. Além de grávidas e mães de recém-nascidos, a gerência diz computar todos os óbitos de mulheres em idade fértil para que seja possível traçar novas políticas públicas.
Mortes ocorridas em hospitais privados também entram no índice. Apesar dos esforços de apuração da pasta, quatro mortes de gestantes ou mães recentes que moravam no DF não foram investigadas entre 2013 e 2015. O parâmetro nacional prevê a apuração de 100% dos casos. O relatório não indica o motivo dessas falhas.
Na conclusão do texto, o relatório recomenda um “esforço conjunto” da vigilância e da atenção à saúde para investigar os óbitos em mulheres em idade fértil, em grávidas e em mães de recém-nascidos.
“[…] a investigação tardia em proporção elevada, como tem ocorrido, dificulta a obtenção das informações e atrasa a adoção das medidas corretivas para evitar novos óbitos”, diz o relatório.
Problema mundial
Em novembro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que apenas nove países em todo o mundo tinham alcançado as Metas de Desenvolvimento do Milênio na área de mortalidade materna.
“O relatório mostra que no fim de 2015 a mortalidade materna global terá registrado uma redução de 44% na comparação com o nível de 1990”, afirmou Lale Say, coordenadora do departamento de saúde genética da OMS.
Os países que conseguiram se adequar à meta foram Butão, Cabo Verde, Camboja, Irã, Laos, Maldivas, Mongólia, Ruanda e Timor Leste. Outros 39, incluindo o Brasil tiveram “avanços significativos” na classificação da entidade.