Folha de hinos tinha músicas com menção a estupro e uso de drogas. Diretório de engenharias disse em nota que lista de músicas não é oficial.
A Universidade de Brasília investiga a conduta de estudantes que teriam pregado machismo e desrespeito a mulheres – incluindo cantos de músicas com menção a estupro – durante os Jogos Intercalouros, ocorridos neste fim de semana. Eles também teriam ofendido instituições como a Católica e a Universidade Federal de Goiás, além de fazer apologia ao uso de drogas.
Uma equipe formada por alunos de engenharia, agronomia e arquitetura teria, por exemplo, cantado frases como “mulher é na cozinha”, “eu sou machista”, “o que cês pagam a gente fuma de maconha”, “trabalha o ano inteiro que lá em Brasília a gente rouba o seu dinheiro” e “o boquete não pode parar”.
A Polícia Civil analisa o conteúdo das músicas para saber se houve crime. Em nota, o Diretório Acadêmico das Engenharias reconhece a existência de uma folha com os hinos, mas afirma que ela não tem caráter oficial. A Atlética Maquinada, que representa o curso, diz “apoiar inteiramente” o texto.
“Sobre a folha de hinos ‘da Maquinada’ (friso as aspas, pois esta não é documento oficial da Maquinada, e que não nos representaria, obviamente), realmente essa folha existe, nunca foi criada pela atlética, na verdade alguma pessoa imprimiu e distribuiu sem autorização deliberadamente”, escreveu a representante da entidade, Laís Nunes.
Coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes, Sophia Ludovice conta que também houve agressões durante a premiação de alunas de enfermagem. Ela afirmou em uma rede social que estudantes fizeram sinais obscenos para as meninas e entoaram gritos “extremamente machistas”.
“Quando eu […] avisei aos membros que qualquer tipo atitude machista resultaria na devolução dos seus prêmios e medalhas, eles começaram a gritar ‘chata para caralho’ para mim e no final pegaram as medalhas, que tinham recebido, e jogaram no chão. Porque, afinal se eles não podiam ser machistas, também não queriam as medalhas”, contou Sophia.
O diretório das engenharias nega que tenha havido gestos obscenos ou gritos machistas de forma generalizada. A organização declarou que os estudantes estavam com “ânimos inflamados” por punições ao times da Faculdade do Gama, que uniam equipes de mais de um curso.
Na nota, Laís Nunes não nega que tenham ocorrido agressões. “[Houve] casos isoladíssimos durante o evento que foram fortemente repreendidos pela diretoria.”
Os centros acadêmicos de comunicação social e arquitetura divulgaram nota repudiando o ocorrido.