Até 18 de março parlamentares podem mudar de legenda sem restrições. Políticos usam brecha para aumentar influência. Deputados da Rede se anteciparam e trocaram de partido antes
No jogo do poder, em que os partidos querem ter representatividade na Casa (e ganhar acesso a cargos e a recursos de emendas), é preciso seduzir os parlamentares. No caso de Celina, por exemplo, o desembarque no PPS tem destino certo: a garantia de uma candidatura à Câmara dos Deputados ou até mesmo ao GDF em 2018.
As eleições majoritárias, aliás, são o horizonte para o qual se volta a bússola distrital neste momento em que se abriu a possibilidade de mudança. E, mesmo com a previsão de tempo favorável, faz-se necessário traçar a rota com cuidado para evitar tempestades futuras.
A situação do DF diante da janela partidária é diferente das outras unidades da Federação, pois não haverá eleição no DF em 2016. O foco é em 2018. Cada distrital analisa qual partido renderá mais tempo de televisão e quais vantagens se pode ter com a troca de legenda, explica o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).
Ainda de acordo com o especialista, o elevado percentual de renovação na CLDF a cada eleição leva os distritais a se movimentarem por cargos mais altos — e influência dentro da estrutura das legendas. “O mínimo que qualquer deputado quer é a reeleição. Na Câmara Legislativa, a renovação a cada período é de 50%. Por isso, a ansiedade é muito grande”, afirma.
Ansiedade
Cristiano Araújo é um dos deputados que tentam controlar a ansiedade para chegar ao fim da janela com a certeza de ter se reencontrado no mapa partidário. Ele recebeu propostas de diversas legendas e negocia com PSD, PSDB, PT e DEM. A intenção é oxigenar o mandato e ter mais voz dentro da sigla que escolher. É o mesmo caso de Juarezão e do peemedebista Robério Negreiros.
Por falar em PMDB, o partido que perderá Negreiros se esforça para não ficar sem Rafael Prudente e Wellington Luiz, que andavam insatisfeitos com a legenda.
Quem não enfrenta problemas é a Rede Sustentabilidade, que vai se manter intacta. Cláudio Abrantes não pretende ir para o PDT, mesmo após convite. E Luzia de Paula, que chegou a ser sondada pelo PSB, promete continuar na legenda.
Chico Leite, líder da Rede na Câmara, deixou o PT em setembro de 2015 e sempre defendeu que o partido tem que ser independente. Ele compõe o trio que se filiou à nova agremiação no ano passado. E a migração não foi à toa: ele trabalha para disputar o Senado ou o GDF em 2018.
Exceção
No mar em que se movimentam os distritais, negociando saídas e permanências, há uma única parlamentar que navega à margem desse troca-troca. Telma Rufino foi expulsa do PPL em agosto e segue sem legenda. E não vai usar o prazo aberto pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 113/2015 de 30 dias para escolher uma. Telma tampouco corre o risco de perder o mandato, pois o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal rejeitou ação do PPL para reaver o mandato da parlamentar.
Confira a situação dos deputados distritais: