Celina Leão (PPS) também envia ofício à Polícia Civil para saber sobre o inquérito de 2015
A Câmara Legislativa encaminhou, ontem, ofício à diretoria-geral da Polícia Federal (PF) solicitando a abertura de investigações para apurar a utilização de computadores da Universidade de Brasília (UnB) para distribuir e, aparentemente, também editar, áudios gravados durante reunião do governador Rodrigo Rollemberg com 11 deputados distritais, além de secretários e assessores, em maio do ano passado.
A presidente da Casa, deputada Celina Leão (PPS), também encaminhou, oficialmente, um pedido de informações à Reitoria da UnB sobre o uso de equipamentos no que ela considera uma clara intenção de desmoralizar o parlamento local. “Sempre falei, deixei muito claro, que se tratava de uma tentativa de desmoralizar o Poder Legislativo por meio da utilização de um meio tão baixo”, destaca.
Celina também solicitou à diretoria-geral da Polícia Civil informações sobre o andamento do inquérito aberto, em junho de 2015, para apurar o fato.
Denúncia
A denúncia da utilização de equipamentos da universidade para divulgar gravações em que, aparentemente, os deputados distritais, pediam uma divisão igualitária de cargos no Executivo partiu do deputado Wellington Luiz (PMDB). “Temos uma situação nova e, se a Polícia Federal assim entender, poderá abri procedimento investigatório sobre o uso criminoso de bens públicos com o objetivo de macular a imagem parlamentar”, alerta o distrital. Para ele, nada impede que as investigações da Civil ocorram paralelamente ao trabalho da PF.
Explicação da reitoria
A UnB informou que ainda não recebeu qualquer comunicado sobre a denúncia do deputado Wellington Luiz, mas deverá se manifestar oportunamente sobre o assunto.
Os documentos obtidos “de forma sigilosa” pelo deputado, conforme ele mesmo define, demonstram que a distribuição das gravações partiu de três computadores da Reitoria da universidade, conforme indicam os IPs — o número de identidade das máquinas.
O distrital lamenta que o Legislativo não possa convocar o reitor da UnB, Ivan Camargo, para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido, mas aguarda explicações da universidade, de onde saiu boa parte da equipe do governo Rollemberg. “Obviamente, será muito oportuno recebermos a visita dele”, afirma Wellington Luiz. “Como vivemos em um país livre as pessoas têm direito de praticar qualquer ato, mas devem responder por eles”, completa a deputada Celina Leão.
Não acabou
O assunto voltou à tona na sessão de ontem da Câmara. Em rota de colisão com o governo, o deputado Raimundo Ribeiro (PSDB) criticou a medida adotada pelo Buriti, após o episódio da gravação, de não permitir a entrada de celulares no gabinete do governador. “Não vou me submeter a essa sombra de desconfiança”, alerta Ribeiro.
Saiba mais
O episódio da divulgação dos áudios colocou mais lenha na conturbada relação vivida à época entre o Legislativo e o Executivo.
Poucos dias depois da reunião, ocorrida em 14 de maio, o então secretário-chefe da Casa Civil deixou o governo sob bombardeio dos distritais. Doyle criticou o apetite dos distritais por cargos.
A atitude de Doyle motivou represálias do Poder Legislativo e aprofundou a crise na relação do parlamento com o Executivo. A Câmara divulgou nota oficial em que taxava as acusações de Doyle de falsas e vazias.
O governo também condenou o vazamento dos áudios e ressaltou que as conversas foram editadas.